HISTÓRIA DAS RELIGIÕES
O medo do desconhecido e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cerca levaram o homem a fundar diversos sistemas de Crenças, Cerimônias e Cultos - muitas vezes centrados na figura de um ente supremo - que o ajudam a compreender o significado último de sua própria natureza. Mitos, Superstições ou Ritos Mágicos que as sociedades primitivas teceram em torno de uma existência sobrenatural, inatingível pela razão, equivaleram à crença num ser superior e ao desejo de comunhão com ele, nas primeiras formas de religião. Religião (do latim religio, cognato de religare, "ligar", "apertar", "atar", com referência a laços que unam o homem à divindade) é como o conjunto de relações teóricas e práticas estabelecidas entre os homens e uma potência superior, à qual se rende culto, individual ou coletivo, por seu caráter divino e sagrado. Assim, religião constitui um corpo organizado de crenças que ultrapassam a realidade da ordem natural e que tem por objeto o sagrado ou sobrenatural, sobre o qual elabora sentimentos, pensamentos e ações. Essa definição abrange tanto as religiões dos povos ditos primitivos quanto as formas mais complexas de organização dos vários sistemas religiosos, embora variem muito os conceitos sobre o conteúdo e a natureza da experiência religiosa. Apesar dessa variedade e da universalidade do fenômeno no tempo e no espaço, as religiões têm como característica comum o reconhecimento do sagrado e a dependência do homem de poderes supramundanos. A observância e a experiência religiosas têm por objetivo prestar tributos e estabelecer formas de submissão a esses poderes, nos quais está implícita a idéia da existência de ser ou seres superiores que criaram e controlam o cosmos e a vida humana. À medida que o homem passou a organizar sua existência numa base racional, a multiplicidade de poderes divinos e sobre-humanos do primitivo animismo não conseguiu mais satisfazer a necessidade de estabelecer uma relação coerente com as múltiplas forças espirituais que povoavam o universo. Surgiram assim as religiões politeístas, panteístas, deístas e monoteístas, expressões das condições sociais e culturais de cada época e das características dos povos em que surgiram. Toda religião pressupõe algumas crenças básicas, como a sobrevivência depois da morte, mundo sobrenatural etc., ao menos como fundamento dos ritos que pratica. Essas crenças podem ser de tipo Mitológico - relatos simbólicos sobre a origem dos deuses, do mundo ou do próprio povo; ou Dogmático - conceitos transmitidos por revelação da divindade, que dá origem à religião revelada e que são recolhidos nas escrituras sagradas em termos simbólicos, mas também conceituais
RELIGIÃO GREGA
A religião grega teve uma influência tão duradoura, ampla e incisiva, que vigorou da pré-história ao século IV e muitos dos seus elementos sobreviveram nos cultos cristãos e nas tradições locais. Complexo de crenças e práticas que constituíram as relações dos gregos antigos com seus deuses, a religião grega influenciou todo o Mediterrâneo e áreas adjacentes durante mais de um milênio. Os gregos antigos adotavam o Politeísmo Antropomórfico, ou seja, vários deuses, todos com formas e atributos humanos. Religião muito diversificada, acolhia entre seus fiéis desde os que alimentavam poucas esperanças em uma vida paradisíaca além túmulo, como os heróis de Homero, até os que, como Platão, acreditavam no julgamento após a morte, quando os justos seriam separados dos ímpios. No período compreendido entre as primeiras incursões dos povos helênicos de origem indo-européia na Grécia, no início do segundo milênio a. C., até o fechamento das escolas pagãs pelo imperador bizantino Justinianus, no ano 529 da era cristã, transcorreram cerca de 25 séculos de influências e transformações. Os primeiros dados existentes sobre a religião grega são as Lendas Homéricas, do século VIII a. C., mas é possível rastrear a evolução de crenças antecedentes. As conquistas de Alexandre o Grande facilitaram o intercâmbio entre as respectivas mitologias, de vencedores e vencidos, ainda que fossem influências de caráter mais cultural que autenticamente religioso. Pode-se dizer que o sincretismo, ou fusão pacífica das diversas religiões, foi a característica dominante do Período Helenístico. Para os gregos, o homem era o centro do universo e a medida de todas as coisas. Cada homem compunha-se de corpo e alma; esta, ao morrer, descia em forma de sombra para o reino de Hades, na embarcação de Caronte. Apenas os heróis e os favorecidos dos deuses iam para os campos elísios. Os rebeldes eram castigados no Tártaro, e quem tivesse cometido crime contra pessoa do mesmo sangue era perseguido ainda em vida pelas fúrias. As crenças órficas acentuaram o dualismo entre a alma e o corpo. Consideravam este como uma prisão da alma, ao contrário da cultura grega clássica, que o exaltava.
RELIGIÃO ROMANA
Para o político e orador Cícero, os romanos ultrapassaram todos os outros povos na sabedoria singular de compreender que tudo está subordinado ao governo e direção dos deuses. Sua religião, porém, não se baseou na graça divina e sim na confiança mútua entre deuses e homens; e seu objetivo era garantir a cooperação e a benevolência dos deuses para com os homens e manter a paz entre eles e a comunidade. Entende-se por religião romana o conjunto de crenças, práticas e instituições religiosas dos romanos no período situado entre o século VIII a.C. e o começo do século IV da era cristã. Caracterizou-se pela estrita observância de ritos e cultos aos deuses, de cujo favor dependiam a saúde e a prosperidade, colheitas fartas e sucesso na guerra. A piedade, portanto, não era compreendida em termos de experiência religiosa individual e sim da fiel realização dos deveres rituais aos deuses, concebidos como poderes abstratos e não como divindades antropomórficas. O ceticismo religioso chegou a ser uma atitude predominante na sociedade romana em face das guerras e calamidades, que os deuses, apesar de todas as cerimônias e oferendas, não conseguiam afastar. O historiador Tácitus comentou amargamente que a tarefa dos deuses era castigar e não salvar o povo romano. Com as crises econômicas e sociais que atingiram o mundo romano, a antiga religião não respondeu mais às inquietações espirituais de muitos e, a partir do século III a.C., começaram a se difundir religiões orientais de rico conteúdo mitológico e forte envolvimento pessoal, mediante ritos de iniciação, doutrinas secretas e sacrifícios cruentos. Nesse ambiente verificou-se mais tarde a chegada dos primeiros cristãos, entre eles os apóstolos Pedro e Paulo, com uma mensagem ética de amor e salvação. O Cristianismo conquistou o povo, mas seu irrenunciável monoteísmo chocou-se com as cerimônias religiosas públicas, nas quais se baseava a coesão do estado, e em especial com o culto ao imperador. Depois de sofrer numerosas perseguições, o cristianismo foi reconhecido pelo imperador Constantinus I no ano 313 d .C. No último período do Império Romano, desenvolveu-se de forma particular o culto ao Sol, e o imperador Aurelianus proclamou como suprema divindade de Roma o Sol Invicto. Mas essas tentativas de reavivar uma religião que sempre servira aos interesses do estado fracassaram, ante a expansão do cristianismo que, em 391, foi declarado religião oficial do estado pelo imperador Theodosius I, que suprimiu o culto tradicional.
Budismo
História das religiões, ensinamentos budistas, filosofia, surgimento na Índia Antiga
Estátua de Buda
Origem do budismo
O budismo não é só uma religião, mas também um sistema ético e filosófico, originário da região da Índia. Foi criado por Sidarta Gautama (563? - 483 a.C.?), também conhecido como Buda. Este criou o budismo por volta do século VI a.C. Ele é considerado pelos seguidores da religião como sendo um guia espiritual e não um deus. Desta forma, os seguidores podem seguir normalmente outras religiões e não apenas o budismo.
O início do budismo está ligado ao hinduísmo, religião na qual Buda é considerado a encarnação ou avatar de Vishnu. Esta religião teve seu crescimento interrompido na Índia a partir do século VII, com o avanço do islamismo e com a formação do grande império árabe. Mesmo assim, os ensinamentos cresceram e se espalharam pela Ásia. Em cada cultura foi adaptado, ganhando características próprias em cada região.
Os ensinamentos, a filosofia e os princípios
Os ensinamentos do budismo têm como estrutura a idéia de que o ser humano está condenado a reencarnar infinitamente após a morte e passar sempre pelos sofrimentos do mundo material. O que a pessoa fez durante a vida será considerado na próxima vida e assim sucessivamente. Esta idéia é conhecida como carma. Ao enfrentar os sofrimentos da vida, o espírito pode atingir o estado de nirvana (pureza espiritual) e chegar ao fim das reencarnações.
Para os seguidores, ocorre também a reencarnação em animais. Desta forma, muitos seguidores adotam uma dieta vegetariana.
A filosofia é baseada em verdades: a existência está relacionada a dor, a origem da dor é a falta de conhecimentos e os desejos materiais. Portanto, para superar a dor deve-se antes livrar-se da dor e da ignorância. Para livrar-se da dor, o homem tem oito caminhos a percorrer: compreensão correta, pensamento correto, palavra, ação, modo de vida, esforço, atenção e meditação. De todos os caminhos apresentados, a meditação é considerado o mais importante para atingir o estado de nirvana.
A filosofia budista também define cinco comportamentos morais a seguir: não maltratar os seres vivos, pois eles são reencarnações do espírito, não roubar, ter uma conduta sexual respeitosa, não mentir, não caluniar ou difamar, evitar qualquer tipo de drogas ou estimulantes. Seguindo estes preceitos básicos, o ser humano conseguirá evoluir e melhorará o carma de uma vida seguinte.
ZARATUSTRA
Der Mensch ist ein Seil, geknüpft zwischen Tier und Übermensch - ein Seil über eninem Abgrunde. Ein gefährliches Hinüber, ein gefäherliches Auf-dem-Wege, ein gefährliches Zurücblicken, ein gefärliches Schaudern und Stehenbleiben."
"O homem é corda distendida entre o animal e o super-homem: uma corda sobre um abismo; travessia perigosa, temerário caminhar, perigosos olhar para trás, perigoso tremer e parar." - Nietzsche "Assim falou Zaratustra", 1883
Meditando por dez anos numa caverna no alto de uma montanha, Zaratustra, apenas na companhia dos seus animais prediletos, a águia e a serpente, determinou-se baixar à planície. Decidira-se depois daqueles anos de rigor eremita vir comunicar aos homens a chegada de um novo messias, o Übermensch - o super-homem, o que dominará o futuro. Assim feito, Zaratustra enumera a quem sua mensagem se dirige:
Os eleitos por Zaratustra
- os que vivem intensamente, que são indiferentes aos perigos (welche nicht zu lebem wissen) porque são capazes de atravessar de um lado para outro;
- os grandes desdenhosos (der grossen Verachtenden), porque estão sempre tentando chegar a outra margem;
- aos que se sacrificam pela terra (die sich der Erde opfen);
- o curioso, o que quer conhecer (welcher erkennen will);
- quem trabalha e realiza invenções engenhosas (welcher arbeiter und erfinder);
- o que preza a sua própria virtude (sein Tugen liebt);
- aquele que distribui o seu espirito entre os demais (ganz der Geist seiner Tugend sein will);
- o que deseja viver e deixar viver (willen noch leben und nicht mehr leben);
- quem não seja exageradamente virtuosos, nem excessivamente moralista (welcher nicht zu viele Tugenden haben will);
- aquele que não fica a espera de agradecimentos ou recompensas (der nicht Dank haben will);
- o que não trapaceia (ein falscher Spieler);
- o que se orgulha dos seus feitos (welcher goldne Worte seine Taten vorauswirft);
- o combatente do presente (den Gegenwärtigen zugrunde gehen);
- o que desafia e fustiga o seu Deus (welcher seinen Gott züchtig);
- o de alma profunda (dessen Seele tief);
- o de alma trasbordante, que esquece de si mesmo (sich selber vergisst);
- quem tem o espirito e o coração livres (der freien Geistes und freie Herzen ist);
- os vaticinadores, os que prenunciam o relâmpago próximo (dass der Blitz kommt, und gehn als Verkündiger zugrunde), um relâmpago que se chama super-homem (Übermensch).
Zaratustra ou Zoroastro, fundador da religião persa, foi um profeta ariano que por volta de 600 a.C. pregou a existência do Bem e do Mal como entidades distintas e totalmente antagônicas (até então a crença geral era de que o mesmo deus era capaz de uma coisa, como a outra). É o autor dos Gäthäs, cinco hinos que formam a mais antiga e sagrada parte do Avesta, o livro santo do zoroastrismo. Nietzsche tomou conhecimento dele provavelmente por intermédio da obra de um erudito da época, inspirando-se então naquela fantástica personalidade.
O motivo de um ateu assumido como Nietzsche ter lançado mão de um carismático líder religioso do passado, fazendo-o veículo da sua mensagem, deve-se a que o pensador alemão racionalmente e intelectualmente deixara de ser cristão, mas psicologicamente e emocionalmente ainda seguiu tendo a mente de um crente. Afinal, Nietzsche era filho de um pastor luterano. O que igualmente explica o tom de sermão da sua prosa, carregada de parábolas, simbolismos e imagens litúrgicas e locais sagrados, presentes na maioria dos capítulos do "Assim falou Zaratustra". A escolha também tratou-se de uma provocação, pois o Zaratustra ficcional dele retornou a cena exatamente para desfazer o que o real profeta ariano fizera há mais de dois mil e quinhentos anos passados, isto é, instituir a idéia do Bem e do Mal.
O Anticristo
Zaratustra é pois um Anticristo. Ele não veio do deserto como Jesus Cristo, mas sim desceu do alto da montanha, do fundo da caverna, como viu Platão os filósofos emergirem em busca do sol, em busca da vida. Não se dirige aos pobres, ao humildes, aos doentes, aos perdidos e aos fracos, muito menos lhes promete o Reino dos Céus. Seu público é outro. É o dos vencedores, dos afirmadores da vida, os que querem viver o aqui e o agora, tendo a Terra como seu único reino. Arenga aos que desprezam! Desceu à planície para anular o cristianismo.
A sua meta é atingir uma parte especifica da humanidade, os homens superiores (höheren Menschen), a quem Cristo ignorou. Zaratustra é sim um Cristo da elite, pois Nietzsche escreveu o evangelho do super-homem - o que anuncia um novo tempo, uma era em que Deus morreu (dass Gott tot ist!), na qual o Homem se apressa para assumir o poder na totalidade, na qual terá que arcar com as conseqüências morais e éticas de um mundo sem Deus.
Para tanto, ele, o super-homem, operará a transvaloração. Tudo o que o cristianismo estigmatizara - o orgulho, o egoísmo, a riqueza, a vontade de poder, a sensualidade e a nobreza de espírito - deverá voltar a modelar e inspirar a humanidade. A resignação, a docilidade e o servilismo, por sua volta, serão sucedidos pela ação, pela inconformidade e pelo domínio - A lamúria do resignado, cederá lugar ao grito do forte!
Os próprios símbolos que cercam Zaratustra, a águia e a serpente (meinen Adler und meine Schlange), antigas metáforas zoológicas do orgulho, da arrogância e da astúcia, contrapõem-se às do cordeiro e do peixe - os favoritos de Cristo - ícones da mansidão, da quietude e da simplicidade. Se Cristo pregou o Sermão da Montanha para os pobres de espirito, Zaratustra lança sua isca para alçar os destemidos. O seu é um Evangelho dos Fortes. Sua mensagem não é para todos, é para poucos.
Viver perigosamente
"Ich seht nach oben, wenn ihr nach Erhebung verlangt. Und ich sehe hinab, weil ich erhoben bin. Wer von euch kann zugleich lachen und erhoben sein? Wer auf den höchsten Bergen steigt, der lacht über alle Trauer-Spiele und Trauer-Ernste."
"Olhais para o alto quando aspirais elevar-vos. Eu, como já encontro-me acima, olho para baixo/ Quem entre vocês pode estar acima e ao mesmo tempo gargalhar? Aquele que escalou o mais elevado dos montes, ri-se de todas as tristezas encenadas da vida." - Zaratustra - da leitura e da escrita
Enquanto Zaratustra pregava na ágora, a atenção da multidão desviou-se para o alto onde estava um equilibrista numa frágil corda. Um outro, um rival, afobando-se, terminou por precipitar-se no chão, estatelando-se agonizante bem perto do profeta. O desastrado homem, no seu estertor, acredita que agora o diabo o arrastará para o inferno. Confortando-o, Zaratustra diz-lhe: "Amigo - palavra de honra que tudo isso não existe, não há diabo nem inferno. Sua alma ainda há de morrer mais rápido do que seu corpo: nada tema". Quando o trapezista caído ainda se lamenta pela vida que levou "recebendo pancadas e passando fome", o profeta consolou-o respondendo: "Não, você fez do perigo sua profissão, coisa que não é para ser desprezada"( du hast aus der Gefahr deinen Beruf gemacht). Dito isso ele mesmo trata de sepultá-lo com suas próprias mãos.
A cena do profeta tendo em seus braços um morto, é a "pietá" de Nietzsche. Este é o modelo de homem do profeta, o que compete, o corajosos que arrisca, o que diariamente vive na corda bamba, e que morre por isso mesmo, por levar uma vida perigosa (ein gefährliches leben).
Os companheiros de Zaratustra
Nietzsche, a construção do Zaratustra
A quem Zaratustra procura
Nietzsche, profeta niilista
"Der Mensch ist ein Seil, geknüpft zwischen Tier und Übermensch - ein Seil über eninem Abgrunde. Ein gefährliches Hinüber, ein gefäherliches Auf-dem-Wege, ein gefährliches Zurücblicken, ein gefärliches Schaudern und Stehenbleiben."
"O homem é corda distendida entre o animal e o super-homem: uma corda sobre um abismo; travessia perigosa, temerário caminhar, perigosos olhar para trás, perigoso tremer e parar." - Nietzsche "Assim falou Zaratustra", 1883
Meditando por dez anos numa caverna no alto de uma montanha, Zaratustra, apenas na companhia dos seus animais prediletos, a águia e a serpente, determinou-se baixar à planície. Decidira-se depois daqueles anos de rigor eremita vir comunicar aos homens a chegada de um novo messias, o Übermensch - o super-homem, o que dominará o futuro. Assim feito, Zaratustra enumera a quem sua mensagem se dirige:
Os eleitos por Zaratustra
- os que vivem intensamente, que são indiferentes aos perigos (welche nicht zu lebem wissen) porque são capazes de atravessar de um lado para outro;
- os grandes desdenhosos (der grossen Verachtenden), porque estão sempre tentando chegar a outra margem;
- aos que se sacrificam pela terra (die sich der Erde opfen);
- o curioso, o que quer conhecer (welcher erkennen will);
- quem trabalha e realiza invenções engenhosas (welcher arbeiter und erfinder);
- o que preza a sua própria virtude (sein Tugen liebt);
- aquele que distribui o seu espirito entre os demais (ganz der Geist seiner Tugend sein will);
- o que deseja viver e deixar viver (willen noch leben und nicht mehr leben);
- quem não seja exageradamente virtuosos, nem excessivamente moralista (welcher nicht zu viele Tugenden haben will);
- aquele que não fica a espera de agradecimentos ou recompensas (der nicht Dank haben will);
- o que não trapaceia (ein falscher Spieler);
- o que se orgulha dos seus feitos (welcher goldne Worte seine Taten vorauswirft);
- o combatente do presente (den Gegenwärtigen zugrunde gehen);
- o que desafia e fustiga o seu Deus (welcher seinen Gott züchtig);
- o de alma profunda (dessen Seele tief);
- o de alma trasbordante, que esquece de si mesmo (sich selber vergisst);
- quem tem o espirito e o coração livres (der freien Geistes und freie Herzen ist);
- os vaticinadores, os que prenunciam o relâmpago próximo (dass der Blitz kommt, und gehn als Verkündiger zugrunde), um relâmpago que se chama super-homem (Übermensch).
Porque Zaratustra?
Zaratustra, fundador do zoroastrismo
Zaratustra ou Zoroastro, fundador da religião persa, foi um profeta ariano que por volta de 600 a.C. pregou a existência do Bem e do Mal como entidades distintas e totalmente antagônicas (até então a crença geral era de que o mesmo deus era capaz de uma coisa, como a outra). É o autor dos Gäthäs, cinco hinos que formam a mais antiga e sagrada parte do Avesta, o livro santo do zoroastrismo. Nietzsche tomou conhecimento dele provavelmente por intermédio da obra de um erudito da época, inspirando-se então naquela fantástica personalidade.
O motivo de um ateu assumido como Nietzsche ter lançado mão de um carismático líder religioso do passado, fazendo-o veículo da sua mensagem, deve-se a que o pensador alemão racionalmente e intelectualmente deixara de ser cristão, mas psicologicamente e emocionalmente ainda seguiu tendo a mente de um crente. Afinal, Nietzsche era filho de um pastor luterano. O que igualmente explica o tom de sermão da sua prosa, carregada de parábolas, simbolismos e imagens litúrgicas e locais sagrados, presentes na maioria dos capítulos do "Assim falou Zaratustra". A escolha também tratou-se de uma provocação, pois o Zaratustra ficcional dele retornou a cena exatamente para desfazer o que o real profeta ariano fizera há mais de dois mil e quinhentos anos passados, isto é, instituir a idéia do Bem e do Mal.
O Anticristo
Zaratustra é pois um Anticristo. Ele não veio do deserto como Jesus Cristo, mas sim desceu do alto da montanha, do fundo da caverna, como viu Platão os filósofos emergirem em busca do sol, em busca da vida. Não se dirige aos pobres, ao humildes, aos doentes, aos perdidos e aos fracos, muito menos lhes promete o Reino dos Céus. Seu público é outro. É o dos vencedores, dos afirmadores da vida, os que querem viver o aqui e o agora, tendo a Terra como seu único reino. Arenga aos que desprezam! Desceu à planície para anular o cristianismo.
A sua meta é atingir uma parte especifica da humanidade, os homens superiores (höheren Menschen), a quem Cristo ignorou. Zaratustra é sim um Cristo da elite, pois Nietzsche escreveu o evangelho do super-homem - o que anuncia um novo tempo, uma era em que Deus morreu (dass Gott tot ist!), na qual o Homem se apressa para assumir o poder na totalidade, na qual terá que arcar com as conseqüências morais e éticas de um mundo sem Deus.
Para tanto, ele, o super-homem, operará a transvaloração. Tudo o que o cristianismo estigmatizara - o orgulho, o egoísmo, a riqueza, a vontade de poder, a sensualidade e a nobreza de espírito - deverá voltar a modelar e inspirar a humanidade. A resignação, a docilidade e o servilismo, por sua volta, serão sucedidos pela ação, pela inconformidade e pelo domínio - A lamúria do resignado, cederá lugar ao grito do forte!
Os próprios símbolos que cercam Zaratustra, a águia e a serpente (meinen Adler und meine Schlange), antigas metáforas zoológicas do orgulho, da arrogância e da astúcia, contrapõem-se às do cordeiro e do peixe - os favoritos de Cristo - ícones da mansidão, da quietude e da simplicidade. Se Cristo pregou o Sermão da Montanha para os pobres de espirito, Zaratustra lança sua isca para alçar os destemidos. O seu é um Evangelho dos Fortes. Sua mensagem não é para todos, é para poucos.
Viver perigosamente
"Ich seht nach oben, wenn ihr nach Erhebung verlangt. Und ich sehe hinab, weil ich erhoben bin. Wer von euch kann zugleich lachen und erhoben sein? Wer auf den höchsten Bergen steigt, der lacht über alle Trauer-Spiele und Trauer-Ernste."
"Olhais para o alto quando aspirais elevar-vos. Eu, como já encontro-me acima, olho para baixo/ Quem entre vocês pode estar acima e ao mesmo tempo gargalhar? Aquele que escalou o mais elevado dos montes, ri-se de todas as tristezas encenadas da vida." - Zaratustra - da leitura e da escrita
Enquanto Zaratustra pregava na ágora, a atenção da multidão desviou-se para o alto onde estava um equilibrista numa frágil corda. Um outro, um rival, afobando-se, terminou por precipitar-se no chão, estatelando-se agonizante bem perto do profeta. O desastrado homem, no seu estertor, acredita que agora o diabo o arrastará para o inferno. Confortando-o, Zaratustra diz-lhe: "Amigo - palavra de honra que tudo isso não existe, não há diabo nem inferno. Sua alma ainda há de morrer mais rápido do que seu corpo: nada tema". Quando o trapezista caído ainda se lamenta pela vida que levou "recebendo pancadas e passando fome", o profeta consolou-o respondendo: "Não, você fez do perigo sua profissão, coisa que não é para ser desprezada"( du hast aus der Gefahr deinen Beruf gemacht). Dito isso ele mesmo trata de sepultá-lo com suas próprias mãos.
A cena do profeta tendo em seus braços um morto, é a "pietá" de Nietzsche. Este é o modelo de homem do profeta, o que compete, o corajosos que arrisca, o que diariamente vive na corda bamba, e que morre por isso mesmo, por levar uma vida perigosa (ein gefährliches leben).
Os companheiros de Zaratustra
Zaratustra quer é o leão (tela de Delacroix)
Como o povo (Volke) não lhe deu ouvidos, Zaratustra, resmungando "que me interessam a praça pública, o populacho e as orelhas cumpridas do populacho?", concluiu então que precisava de companheiros (Gefährten): os "que desejam seguir a si mesmos, para onde quer que eu vá". Afinal ele viera "para separar muitos do rebanho". Que tipo de companhia quer o profeta? Justamente os que "os bons e justos" mais odeiam - o que lhes despedaça os valores, o infrator, o destruidor - porque é esse o criador.
Não são os negligentes nem os retardados que o seguirão, mas sim os inventivos, os que colhem e se divertem, os solitários e todos aqueles unidos pela solidão, interessados em escutar coisas inauditas - a marcha do profeta será a marcha deles. Assim é que sua oração dirige-se para os que estão atacados pela "Grande Náusea"(der grossen Ekel), o tédio de quem vive numa época em que o antigo deus morreu, mas que não existe ainda nenhum outro novo deus. Zaratustra veio para afastar deles a sombra dos deuses antigos que ainda escondem-se atrás das nuvens do presente. Veio para mostrar-lhes a verdadeira face da natureza, chegou par torná-la humana, para desmagizá-la.
O que irritava sobremodo o profeta era o último homem (letzter Mensch), um teimoso, "inabalável como um pulga", que, segundo Heidegger, não queria "se desfazer da sua depreciável maneira de ser". Ao insistir em viver de acordo com os valores desaparecidos, em prender-se a um ídolo que já se fora, esse cabeça-dura continuava a freqüentar o santuário do deus caído em ruínas. Ali, nada mais achando nele, o estulto agachava-se, arrastava-se no pó, em meio aos cacos, atrás das cobras e dos sapos para adorá-los.
A transformação do homem
"Was gross ist am Menschen, das ist, dass er eine Brücke und kein Zweck ist: was geliebt werden kann am Menschen , das ist, dass er ein Übergang und ein Untergang ist"
"A grandeza do homem é ser ele uma ponte, e não uma meta; o que se pode amar no homem é ser ele uma transição e um ocaso." - F.Nietzsche - Assim falou Zaratustra, I,4
Num primeiro momento da história espiritual do homem, pelo menos o de espírito sadio, ele não passa de um camelo, que, como o desgraçado animal, apenas ajoelha-se e agradece quando lhe dão uma boa carga. Carrega pelo deserto as culpas por ter nascido. Na sua humilde corcova avoluma-se as penas do mundo, sobrecarregado pelas regras morais e pelas imposições que lhe fazem, que lhe dizem - tu deves (Du-sollst!)! Porém, no deserto, isolado, dá-se uma transformação. O camelo vira um leão. É o espirito que, liberto, quer ser "o senhor do seu próprio deserto". Agora é ele quem, rugindo desafiante, responde - eu quero! (Ich will!). Se bem que o leão não consiga ainda criar os novos valores, ele pelo menos, assentado na sua força e vigor, sacode para fora a canga que afligia o pobre camelo. Dá-se então a derradeira transformação - o leão vira criança. Sim porque a criança é esquecimento, é um novo começo, é o embrião do super-homem que, ao crescer e desenvolver-se, "quer conseguir o seu mundo".
O camelo (Kamele) O leão (Löwe) A criança (Kind)
O espirito do homem na sua época religiosa e cordata, conforme com seu destino de animal de carga, submetido ao grande dragão. - Encontra-se sob o imperativo do "Tu deves!" A emergência do espirito de rebeldia. A insubordinação contra os valores tradicionais e contra as imposições morais e convencionais. - Afirma-se através do "Eu quero!" A nova era que nasce. O tudo por fazer que se descortina numa nova situação, num mundo novo que se livrou do passado opressivo. - "Ele alcançará
Os inimigos do profeta
Zaratustra é um celebrante da carnalidade, um pregador da vida vivida, da sensualidade, do prazer de dominar, ou do simples gozo em existir. É o grito do instinto sufocado! Por conseqüência, seus inimigos são os que detestam a vida, os "acusadores da vida" (Ankläger des Lebens), os que reprimem e condenam a volúpia, os que dizem que as pulsões humanas são artes do demônio, os que pregam o Outro Mundo, como os sacerdotes e os moralistas, que insistem em fazer com que o homem envergonhe-se do seu próprio corpo e das suas sensações, chamando-as inumanas, imundas e pecadoras.
O profeta quer o diferente, o que se distingue, o que se vangloria, o altivo com justa razão, o indivíduo soberano e viril, não as massas que "trazem mau olhado à Terra". Suas palavras não devem ser "apanhadas por patas de carneiros". Logo todos os democratas, os pregadores da igualdade e correlatos, são seus adversários, os odiados inimigos. Pois o mundo "gira ao redor dos inventores de valores novos" (die Erfinder von neuen Werten dreht sich die Welt), da Personalidade Magnífica e não do homem comum, que vive discursando - "somos todos iguais perante Deus ". Ora, como deus morreu o homem superior ressuscitou da sua sepultura. É para ele que a luz do futuro brilha.
É tudo um só mundo
Não há para o profeta dois mundos, o de cá e o de lá, nem corpo separado da alma, nem bem nem mal. Tudo é uma coisa só. Carne é espirito, a terra também é céu, o mal também é o bem. O homem imaginou haver um além porque ele sonha, e no seu sonho - "vapor colorido diante dos olhos" - lhe aparecem fantasmas dos mortos e das coisas passadas, por isso ele, iludido, concebeu um Outro Mundo. Ingrato, ao invés de exultar com a existência recebida, percorre os céus com os olhos supersticiosos atrás de uma estrela, acreditando ir parar ao seu lado no futuro.
Seguidor de Heráclito - que via o Cosmo um produto do agón, da luta -, Zaratustra assegurava que toda a batalha a ser travada é uma bem-vinda guerra terrestre na qual o super-homem (expurgando ou afastando de si os sentimentos caritativos e piedosos, afirmando-se sobre si mesmo com os valores que ele mesmo criou) se lançará na conquista do devir. Mas, adverte, antes do super-homem atingir esse futuro, haverá o crescimento do deserto - uma grande ameaça ao oásis onde se homiziava o homem superior.
O filho de Zaratustra
No final do canto de Zaratustra (Parte IV - o sinal), depois do profeta ter dispensado os grandes dignatários (rei, imperador e o papa), não identificando neles os sinais do super-homem, ele projeta aquele que advirá. A sua nobreza não é resultado de títulos, nem de sangue. O Übermensch é o que irá superar o homem e, para tanto, já expurgou de si toda a fraqueza e vilania tão comum aos humanos. Ele não tem pejo em querer vingar-se, nem se envergonha em ter ódio, sabe que se almeja a alegria também terá que suportar o sofrimento. Mas nem os homens superiores que o profeta encontrou pelo caminho o satisfazem.
"Pois bem!", disse ele, "estes homens superiores adormecem enquanto eu estou desperto. Não são os meus verdadeiros companheiros". O viajante (der Wanderer) após ter percorrido uma longa peregrinação, na qual esgrimiu-se em mil encontros e outros tantos percalços, recolheu-se de volta ao seu ermitério. Sentado na pedra em frente a gruta ele pede que cantem "Outra Vez", porque ele afirmava o Eterno Retorno das coisas. Tudo o que aconteceu nos remotos tempos voltaria a ocorrer - a história é um circulo não uma ascensão! Palavras como honra e nobreza certamente voltarão a reluzir.
A hora de Zaratustra
Com seus cabelos embranquecidos eriçados pelos vôos dos pássaros, o sábio sentiu que o leão estendido aos seus pés recostara a cabeçorra dourada no seu colo, lambendo as lágrimas que escorriam pelas suas mãos. O vidente estava exausto. Afinal ele era um montanhista (ein Bergsteiger) que detestava as planícies. Meditando, Zaratustra foi tomado de súbita emoção. Sentiu-se maduro porque que soara a sua hora, a sua alvorada - o Grande Meio-Dia chegara. O anúncio, o sinal de que o super-homem estava por vir fez com que ele, lépido, aspirando somente a sua obra, deixasse a sua gruta. Assim como o alvorecer sai por detrás das montanhas escuras, ele saiu para ir receber o seu filho.
Dies ist mein Morgen, mein Tag hebt an: berauf nun, berauf, du grosser Mittag! - Also spracht Zarathustra, und verliess seine Höhle, glühen und stark, wie eine Morgensonne, die aus dunklen Bergen Kommt.
Nietzsche, a construção do Zaratustra
A quem Zaratustra procura
Nietzsche, profeta niilista
"Der Mensch ist ein Seil, geknüpft zwischen Tier und Übermensch - ein Seil über eninem Abgrunde. Ein gefährliches Hinüber, ein gefäherliches Auf-dem-Wege, ein gefährliches Zurücblicken, ein gefärliches Schaudern und Stehenbleiben."
"O homem é corda distendida entre o animal e o super-homem: uma corda sobre um abismo; travessia perigosa, temerário caminhar, perigosos olhar para trás, perigoso tremer e parar." - Nietzsche "Assim falou Zaratustra", 1883
Meditando por dez anos numa caverna no alto de uma montanha, Zaratustra, apenas na companhia dos seus animais prediletos, a águia e a serpente, determinou-se baixar à planície. Decidira-se depois daqueles anos de rigor eremita vir comunicar aos homens a chegada de um novo messias, o Übermensch - o super-homem, o que dominará o futuro. Assim feito, Zaratustra enumera a quem sua mensagem se dirige:
Os eleitos por Zaratustra
- os que vivem intensamente, que são indiferentes aos perigos (welche nicht zu lebem wissen) porque são capazes de atravessar de um lado para outro;
- os grandes desdenhosos (der grossen Verachtenden), porque estão sempre tentando chegar a outra margem;
- aos que se sacrificam pela terra (die sich der Erde opfen);
- o curioso, o que quer conhecer (welcher erkennen will);
- quem trabalha e realiza invenções engenhosas (welcher arbeiter und erfinder);
- o que preza a sua própria virtude (sein Tugen liebt);
- aquele que distribui o seu espirito entre os demais (ganz der Geist seiner Tugend sein will);
- o que deseja viver e deixar viver (willen noch leben und nicht mehr leben);
- quem não seja exageradamente virtuosos, nem excessivamente moralista (welcher nicht zu viele Tugenden haben will);
- aquele que não fica a espera de agradecimentos ou recompensas (der nicht Dank haben will);
- o que não trapaceia (ein falscher Spieler);
- o que se orgulha dos seus feitos (welcher goldne Worte seine Taten vorauswirft);
- o combatente do presente (den Gegenwärtigen zugrunde gehen);
- o que desafia e fustiga o seu Deus (welcher seinen Gott züchtig);
- o de alma profunda (dessen Seele tief);
- o de alma trasbordante, que esquece de si mesmo (sich selber vergisst);
- quem tem o espirito e o coração livres (der freien Geistes und freie Herzen ist);
- os vaticinadores, os que prenunciam o relâmpago próximo (dass der Blitz kommt, und gehn als Verkündiger zugrunde), um relâmpago que se chama super-homem (Übermensch).
Porque Zaratustra?
Zaratustra, fundador do zoroastrismo
Zaratustra ou Zoroastro, fundador da religião persa, foi um profeta ariano que por volta de 600 a.C. pregou a existência do Bem e do Mal como entidades distintas e totalmente antagônicas (até então a crença geral era de que o mesmo deus era capaz de uma coisa, como a outra). É o autor dos Gäthäs, cinco hinos que formam a mais antiga e sagrada parte do Avesta, o livro santo do zoroastrismo. Nietzsche tomou conhecimento dele provavelmente por intermédio da obra de um erudito da época, inspirando-se então naquela fantástica personalidade.
O motivo de um ateu assumido como Nietzsche ter lançado mão de um carismático líder religioso do passado, fazendo-o veículo da sua mensagem, deve-se a que o pensador alemão racionalmente e intelectualmente deixara de ser cristão, mas psicologicamente e emocionalmente ainda seguiu tendo a mente de um crente. Afinal, Nietzsche era filho de um pastor luterano. O que igualmente explica o tom de sermão da sua prosa, carregada de parábolas, simbolismos e imagens litúrgicas e locais sagrados, presentes na maioria dos capítulos do "Assim falou Zaratustra". A escolha também tratou-se de uma provocação, pois o Zaratustra ficcional dele retornou a cena exatamente para desfazer o que o real profeta ariano fizera há mais de dois mil e quinhentos anos passados, isto é, instituir a idéia do Bem e do Mal.
O Anticristo
Zaratustra é pois um Anticristo. Ele não veio do deserto como Jesus Cristo, mas sim desceu do alto da montanha, do fundo da caverna, como viu Platão os filósofos emergirem em busca do sol, em busca da vida. Não se dirige aos pobres, ao humildes, aos doentes, aos perdidos e aos fracos, muito menos lhes promete o Reino dos Céus. Seu público é outro. É o dos vencedores, dos afirmadores da vida, os que querem viver o aqui e o agora, tendo a Terra como seu único reino. Arenga aos que desprezam! Desceu à planície para anular o cristianismo.
A sua meta é atingir uma parte especifica da humanidade, os homens superiores (höheren Menschen), a quem Cristo ignorou. Zaratustra é sim um Cristo da elite, pois Nietzsche escreveu o evangelho do super-homem - o que anuncia um novo tempo, uma era em que Deus morreu (dass Gott tot ist!), na qual o Homem se apressa para assumir o poder na totalidade, na qual terá que arcar com as conseqüências morais e éticas de um mundo sem Deus.
Para tanto, ele, o super-homem, operará a transvaloração. Tudo o que o cristianismo estigmatizara - o orgulho, o egoísmo, a riqueza, a vontade de poder, a sensualidade e a nobreza de espírito - deverá voltar a modelar e inspirar a humanidade. A resignação, a docilidade e o servilismo, por sua volta, serão sucedidos pela ação, pela inconformidade e pelo domínio - A lamúria do resignado, cederá lugar ao grito do forte!
Os próprios símbolos que cercam Zaratustra, a águia e a serpente (meinen Adler und meine Schlange), antigas metáforas zoológicas do orgulho, da arrogância e da astúcia, contrapõem-se às do cordeiro e do peixe - os favoritos de Cristo - ícones da mansidão, da quietude e da simplicidade. Se Cristo pregou o Sermão da Montanha para os pobres de espirito, Zaratustra lança sua isca para alçar os destemidos. O seu é um Evangelho dos Fortes. Sua mensagem não é para todos, é para poucos.
Viver perigosamente
"Ich seht nach oben, wenn ihr nach Erhebung verlangt. Und ich sehe hinab, weil ich erhoben bin. Wer von euch kann zugleich lachen und erhoben sein? Wer auf den höchsten Bergen steigt, der lacht über alle Trauer-Spiele und Trauer-Ernste."
"Olhais para o alto quando aspirais elevar-vos. Eu, como já encontro-me acima, olho para baixo/ Quem entre vocês pode estar acima e ao mesmo tempo gargalhar? Aquele que escalou o mais elevado dos montes, ri-se de todas as tristezas encenadas da vida." - Zaratustra - da leitura e da escrita
Enquanto Zaratustra pregava na ágora, a atenção da multidão desviou-se para o alto onde estava um equilibrista numa frágil corda. Um outro, um rival, afobando-se, terminou por precipitar-se no chão, estatelando-se agonizante bem perto do profeta. O desastrado homem, no seu estertor, acredita que agora o diabo o arrastará para o inferno. Confortando-o, Zaratustra diz-lhe: "Amigo - palavra de honra que tudo isso não existe, não há diabo nem inferno. Sua alma ainda há de morrer mais rápido do que seu corpo: nada tema". Quando o trapezista caído ainda se lamenta pela vida que levou "recebendo pancadas e passando fome", o profeta consolou-o respondendo: "Não, você fez do perigo sua profissão, coisa que não é para ser desprezada"( du hast aus der Gefahr deinen Beruf gemacht). Dito isso ele mesmo trata de sepultá-lo com suas próprias mãos.
A cena do profeta tendo em seus braços um morto, é a "pietá" de Nietzsche. Este é o modelo de homem do profeta, o que compete, o corajosos que arrisca, o que diariamente vive na corda bamba, e que morre por isso mesmo, por levar uma vida perigosa (ein gefährliches leben).
Os companheiros de Zaratustra
Zaratustra quer é o leão (tela de Delacroix)
Como o povo (Volke) não lhe deu ouvidos, Zaratustra, resmungando "que me interessam a praça pública, o populacho e as orelhas cumpridas do populacho?", concluiu então que precisava de companheiros (Gefährten): os "que desejam seguir a si mesmos, para onde quer que eu vá". Afinal ele viera "para separar muitos do rebanho". Que tipo de companhia quer o profeta? Justamente os que "os bons e justos" mais odeiam - o que lhes despedaça os valores, o infrator, o destruidor - porque é esse o criador.
Não são os negligentes nem os retardados que o seguirão, mas sim os inventivos, os que colhem e se divertem, os solitários e todos aqueles unidos pela solidão, interessados em escutar coisas inauditas - a marcha do profeta será a marcha deles. Assim é que sua oração dirige-se para os que estão atacados pela "Grande Náusea"(der grossen Ekel), o tédio de quem vive numa época em que o antigo deus morreu, mas que não existe ainda nenhum outro novo deus. Zaratustra veio para afastar deles a sombra dos deuses antigos que ainda escondem-se atrás das nuvens do presente. Veio para mostrar-lhes a verdadeira face da natureza, chegou par torná-la humana, para desmagizá-la.
O que irritava sobremodo o profeta era o último homem (letzter Mensch), um teimoso, "inabalável como um pulga", que, segundo Heidegger, não queria "se desfazer da sua depreciável maneira de ser". Ao insistir em viver de acordo com os valores desaparecidos, em prender-se a um ídolo que já se fora, esse cabeça-dura continuava a freqüentar o santuário do deus caído em ruínas. Ali, nada mais achando nele, o estulto agachava-se, arrastava-se no pó, em meio aos cacos, atrás das cobras e dos sapos para adorá-los.
A transformação do homem
"Was gross ist am Menschen, das ist, dass er eine Brücke und kein Zweck ist: was geliebt werden kann am Menschen , das ist, dass er ein Übergang und ein Untergang ist"
"A grandeza do homem é ser ele uma ponte, e não uma meta; o que se pode amar no homem é ser ele uma transição e um ocaso." - F.Nietzsche - Assim falou Zaratustra, I,4
Num primeiro momento da história espiritual do homem, pelo menos o de espírito sadio, ele não passa de um camelo, que, como o desgraçado animal, apenas ajoelha-se e agradece quando lhe dão uma boa carga. Carrega pelo deserto as culpas por ter nascido. Na sua humilde corcova avoluma-se as penas do mundo, sobrecarregado pelas regras morais e pelas imposições que lhe fazem, que lhe dizem - tu deves (Du-sollst!)! Porém, no deserto, isolado, dá-se uma transformação. O camelo vira um leão. É o espirito que, liberto, quer ser "o senhor do seu próprio deserto". Agora é ele quem, rugindo desafiante, responde - eu quero! (Ich will!). Se bem que o leão não consiga ainda criar os novos valores, ele pelo menos, assentado na sua força e vigor, sacode para fora a canga que afligia o pobre camelo. Dá-se então a derradeira transformação - o leão vira criança. Sim porque a criança é esquecimento, é um novo começo, é o embrião do super-homem que, ao crescer e desenvolver-se, "quer conseguir o seu mundo".
O camelo (Kamele) O leão (Löwe) A criança (Kind)
O espirito do homem na sua época religiosa e cordata, conforme com seu destino de animal de carga, submetido ao grande dragão. - Encontra-se sob o imperativo do "Tu deves!" A emergência do espirito de rebeldia. A insubordinação contra os valores tradicionais e contra as imposições morais e convencionais. - Afirma-se através do "Eu quero!" A nova era que nasce. O tudo por fazer que se descortina numa nova situação, num mundo novo que se livrou do passado opressivo. - "Ele alcançará!"
O camelo, símbolo do conformismo e da resignação
Os inimigos do profeta
Zaratustra é um celebrante da carnalidade, um pregador da vida vivida, da sensualidade, do prazer de dominar, ou do simples gozo em existir. É o grito do instinto sufocado! Por conseqüência, seus inimigos são os que detestam a vida, os "acusadores da vida" (Ankläger des Lebens), os que reprimem e condenam a volúpia, os que dizem que as pulsões humanas são artes do demônio, os que pregam o Outro Mundo, como os sacerdotes e os moralistas, que insistem em fazer com que o homem envergonhe-se do seu próprio corpo e das suas sensações, chamando-as inumanas, imundas e pecadoras.
O profeta quer o diferente, o que se distingue, o que se vangloria, o altivo com justa razão, o indivíduo soberano e viril, não as massas que "trazem mau olhado à Terra". Suas palavras não devem ser "apanhadas por patas de carneiros". Logo todos os democratas, os pregadores da igualdade e correlatos, são seus adversários, os odiados inimigos. Pois o mundo "gira ao redor dos inventores de valores novos" (die Erfinder von neuen Werten dreht sich die Welt), da Personalidade Magnífica e não do homem comum, que vive discursando - "somos todos iguais perante Deus ". Ora, como deus morreu o homem superior ressuscitou da sua sepultura. É para ele que a luz do futuro brilha.
É tudo um só mundo
Não há para o profeta dois mundos, o de cá e o de lá, nem corpo separado da alma, nem bem nem mal. Tudo é uma coisa só. Carne é espirito, a terra também é céu, o mal também é o bem. O homem imaginou haver um além porque ele sonha, e no seu sonho - "vapor colorido diante dos olhos" - lhe aparecem fantasmas dos mortos e das coisas passadas, por isso ele, iludido, concebeu um Outro Mundo. Ingrato, ao invés de exultar com a existência recebida, percorre os céus com os olhos supersticiosos atrás de uma estrela, acreditando ir parar ao seu lado no futuro.
Seguidor de Heráclito - que via o Cosmo um produto do agón, da luta -, Zaratustra assegurava que toda a batalha a ser travada é uma bem-vinda guerra terrestre na qual o super-homem (expurgando ou afastando de si os sentimentos caritativos e piedosos, afirmando-se sobre si mesmo com os valores que ele mesmo criou) se lançará na conquista do devir. Mas, adverte, antes do super-homem atingir esse futuro, haverá o crescimento do deserto - uma grande ameaça ao oásis onde se homiziava o homem superior.
O filho de Zaratustra
No final do canto de Zaratustra (Parte IV - o sinal), depois do profeta ter dispensado os grandes dignatários (rei, imperador e o papa), não identificando neles os sinais do super-homem, ele projeta aquele que advirá. A sua nobreza não é resultado de títulos, nem de sangue. O Übermensch é o que irá superar o homem e, para tanto, já expurgou de si toda a fraqueza e vilania tão comum aos humanos. Ele não tem pejo em querer vingar-se, nem se envergonha em ter ódio, sabe que se almeja a alegria também terá que suportar o sofrimento. Mas nem os homens superiores que o profeta encontrou pelo caminho o satisfazem.
"Pois bem!", disse ele, "estes homens superiores adormecem enquanto eu estou desperto. Não são os meus verdadeiros companheiros". O viajante (der Wanderer) após ter percorrido uma longa peregrinação, na qual esgrimiu-se em mil encontros e outros tantos percalços, recolheu-se de volta ao seu ermitério. Sentado na pedra em frente a gruta ele pede que cantem "Outra Vez", porque ele afirmava o Eterno Retorno das coisas. Tudo o que aconteceu nos remotos tempos voltaria a ocorrer - a história é um circulo não uma ascensão! Palavras como honra e nobreza certamente voltarão a reluzir.
A hora de Zaratustra
Com seus cabelos embranquecidos eriçados pelos vôos dos pássaros, o sábio sentiu que o leão estendido aos seus pés recostara a cabeçorra dourada no seu colo, lambendo as lágrimas que escorriam pelas suas mãos. O vidente estava exausto. Afinal ele era um montanhista (ein Bergsteiger) que detestava as planícies. Meditando, Zaratustra foi tomado de súbita emoção. Sentiu-se maduro porque que soara a sua hora, a sua alvorada - o Grande Meio-Dia chegara. O anúncio, o sinal de que o super-homem estava por vir fez com que ele, lépido, aspirando somente a sua obra, deixasse a sua gruta. Assim como o alvorecer sai por detrás das montanhas escuras, ele saiu para ir receber o seu filho.
Dies ist mein Morgen, mein Tag hebt an: berauf nun, berauf, du grosser Mittag! - Also spracht Zarathustra, und verliess seine Höhle, glühen und stark, wie eine Morgensonne, die aus dunklen Bergen Kommt.
Nietzsche é um autor reconhecidamente difícil de ser traduzido, não só por escrever num alemão clássico, extremamente refinado, mas por razões que lhe são próprias. Ele é, como o leitor não se cansa de ver no "Assim falou Zaratustra", um poeta e um filósofo, fazendo que o seu tradutor se embarace ao tentar reproduzir o som harmonioso da lira, ou o pio preciso e mais frio da coruja. Além disso a prosa filosófica alemã naturalmente vocacionada à metafísica, à abstração pura, apresenta complexidades diversas para qualquer tradutor de qualquer idioma. Em cada palavra poderá haver implicações outras, duplas, triplas, quadruplas, ... inúmeras.
Em português existem as conhecidas traduções de Mario da Silva (Círculo do Livro, SP), que é uma das mais antigas (relançada pela Editora da Civilização Brasileira, RJ), a de Eduardo Nunes Fonseca (da Hemus - Editora, SP) e, finalmente, uma bem mais recente, feita por Pietro Nassetti (Editora Martin Claret, SP) que conseguiu fazer da sua tradução do "Zaratustra" uma excelente leitura. Assim falou Zaratustra, de Friedrich Nietzsche (Editora Martin Claret, São Paulo, 1999, 255 págs., tradução de Pietro Nassetti)
Also sprach Zarathustra (Assim Falou Zaratustra) é um livro que foi iniciado em 1885 pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que influenciou significativamente o mundo moderno. O livro foi escrito originalmente como três volumes separados em um período de vários anos. Depois, Nietzsche decidiu escrever outros três volumes mas apenas conseguiu terminar um, elevando o número total de volumes para quatro. Após a morte de Nietzsche, ele foi impresso em um único volume.
O livro narra as andanças e ensinamentos de um filósofo, que se auto-nomeou Zaratustra após a fundação do Zoroastrismo na antiga Pérsia. Para explorar muitas das idéias de Nietzsche, o livro usa uma forma poética e fictícia, freqüentemente satirizando o Novo testamento.
O centro de Zaratustra é a noção de que os seres humanos são uma forma transicional entre macacos e o que Nietzsche chamou de Übermensch, literalmente "além-do-homem", normalmente traduzido como "super-homem". O nome é um dos muitos trocadilhos no livro e se refere mais claramente à imagem do Sol vindo além do horizonte ao amanhecer como a simples noção de vitória.
Amplamente baseado em episódios, as histórias em Zaratustra podem ser lidas em qualquer ordem. Zaratustra contém a famosa frase "Deus está morto", embora esta também tenha aparecido anteriormente no livro Die fröhliche Wissenschaft (A Gaia Ciência) de Nietszche.
Os dois volumes finais não terminados do livro foram planejados para retratar o trabalho missionário de Zaratustra e sua eventual morte.
Also sprach Zarathustra é também o título de um poema sinfônico de Richard Strauss, composto em 1896 e inspirado pelo livro. Ele é mais conhecido por ter sido utilizado no filme 2001: Uma Odisséia no Espaço de Stanley Kubrick, lançado em 1968. A seção de abertura "Dawn" (amanhecer) é usada três vezes, a mais famosa sendo na sequência de abertura do filme
Zaratustra ou Zoroastro (c. 630 a.C.), foi um profeta, líder espiritual oriental, fundador do Zoroastrismo - a religião oficial do povo persa-iraniano da época dos Aqueménidas até ao período Sassânida. O nome Ζωροάστρης (Zoroastros), em grego, é uma corruptela de Avestan Zarathustra (em persa moderno: Zartosht ou زرتشت). O significado do nome é obscuro, ainda que, certamente, contenha a palavra ushtra (ishtar), "estrela". Sua revelação divina teria se dado após dez anos de retiro voluntário em uma região montanhosa da então Pérsia, hoje Irã. A partir da observação da Natureza que o cercava em tal ambiente, Zoroastro ou Zaratustra teria composto as bases de sua doutrina teológica, que teria como um dos principais lemas o aforismo "Fazer ao próximo aquilo que desejais que o próximo faça a ti". A religião de Zoroastro se espalhou por outras localidades além do Irã, especialmente na região da Índia, onde os seguidores do Zoroastrismo eram chamados de parses. A doutrina teológica de Zoroastro é considerada um dos pilares do monoteísmo. O zoroastrismo cultua o fogo como entidade sagrada.
A força negativa constantemente esteve influenciando a história, especialmente no sentido de apagar e de deformar a verdadeira natureza daqueles que têm vindo à terra, dos assim chamados Grandes Iniciados e Avatares. Isto foi o que aconteceu com referência a Grande Iniciados e Mestres, tais como deformaram a verdadeira imagem de Salomão, de Jesus, de Apolônio de Tiana e de vários outros. Podemos dizer que o mesmo aconteceu no que diz respeito à vida e obra de Zarathustra, cuja verdadeira imagem foi em grande parte apagada e deformada, assim como os seus ensinamentos.
Zarathustra, também chamado Zoroastro[1], tornou-se conhecido na antigüidade como o fundador do Mazdeismo, o que não é verdade. Quando ele veio ao mundo já existia o Mazdeísmo como um sistema dualístico. Na verdade Ele deve ser considerado o reformador daquela religião.
Também é atribuído a Zarathustra o lugar de fundador da Magia, daquilo que no passa-do era conhecido como a "Religião dos Magos", que depois foi aceita como a religião do povo Persa-iraniano. Isto é correto, ele foi o fundador da Magia que teve continuidade com Apolônio de Tiana, possivelmente o próprio Zarathustra numa outra encarnação dando continuidade à sua missão.
Na realidade Zarathustra estabeleceu uma escola de pensamento, metodizando princípios que já existiam. Todo o conteúdo da Magia preexiste ao Mazdeismo, pois ela já era praticada nos primórdios da civilização egípcia e mesmo na Atlântida e alhures. O que Zarathustra fez foi metodizar os conhecimentos esparsos, juntar os fragmentos de uma ciência que em sua época estava fragmentada e dispersa.
O "terceiro interesse" - força negativa - procurou deformar o verdadeiro sentido da magia, conforme estabelecido por Zarathustra, dando-lhe um sentido de ciência maléfica. Na realidade a religião dos magos, como era chamado a doutrina de Zarathustra, tinha um sentido complemente diferente. Na a verdadeira magia não é isto e sim exatamente o conhecimento da "Ciência Divina", o conhecimento e a operacionalidade das leis do universo.
A historia relata o grande conhecimento que a civilização Babilônica tinha a respeito da astrologia e de muitos outros ramos do conhecimento humano. Neste atual Ciclo de Civilizações nenhum povo se aprofundou tanto no conhecimento astrológico quanto os Babilônios e isso se deve aos ensinamentos deixados por Zarathustra. A astrologia babilônica não dizia respeito apenas ao lado premonitório, advinhatório; ela ia muito além orientando sobre os mecanismos da natureza. Assim sendo, através dos astros os Magos tinham conhecimento daquilo que hoje é chamado de meteorologia, previsão do tempo. Na realidade a meteorologia atual, mesmo contando com o auxílio de satélites e outros meios como o radar e outros meios tecnológicos, ainda não atingiu o nível de previsão que os Magos Astrólogos da Pérsia tinham, mesmo que baseados em outros meios de determinação.
Zarathustra Eram os astrólogos que previam todas as efemérides, todas as oscilações do clima, ritmos das enchentes dos rios e tudo aquilo que era dado ao povo para o seu próprio bem estar.
Hoje atribui-se à magia apenas o lado negativo, as previsões como determinadores de coisas negativas, de provocadores de malefícios e coisas assim. Na realidade isto representa o anverso da magia. A magia negra é a magia aplicada de maneira invertida. O que constitui a magia invertida são as aplicações indevidas e perniciosas que lhes são dadas. Os princípios são apenas princípios universais, as leis são tão somente leis que nem são boas e nem más; o que as torna uma coisa ou outra é o sentido e o uso que dela se fizer.
A magia ensinada por Zarathustra na verdade já era conhecida da humanidade e já florescera antes no Egito para onde fora trazida do Continente da Atlântida. Naquele continente ela floresceu de forma impressionante chegando a um ponto de dividir a humanidade que lá habitava em dois grupos distintos, conforme o tipo de magia praticado[2]. A destruição daquele continente tem muito haver com a ciência física clássica, mas aquela ciência trazia em seu bojo muitos elementos de magia. A magia lida com conhecimentos não convencionais, com leis e princípios desconhecidos ou pouco vulgares, mas na realidade ela nada tem haver com o sobrenatural.
Foi da Pérsia[3] que vieram os Reis Magos visitar o Messias quando do Seu Nascimento que era do conhecimento deles através da ciência dos astros.
No Mazdeismo, o princípio do mal era inteiramente separado do principio divino do bem. Afirmava-se que tudo tinha uma causa, e, como o bem não poderia causar o mal[4], deduzira então que o mal tinha de ser um princípio em separado. As primeiras objeções à esse dualismo surgiu da idéia de que se assim fosse não existiria o infinito, Deus não poderia ser infinito desde que em cada parte, por ser independente, não estava contido a outra, portanto algo existia fora de cada uma das partes. Neste caso nem uma parte e nem a outra poderia ser infinita desde que infinito não admite algo que não esteja contido nele, conforme os postulados matemáticos. Não pode haver um infinito incompleto, do contrário poderia haver um dialogo em que uma das partes poderia dizer para a outra: Não és infinito pois não me conténs...! Isto mostra que o dualismo é algo incompatível com o sentido de infinito atribuído ao Ser Supremo.
Aí é que as pessoas enganam-se a respeito da doutrina de Zarathustra. Na realidade ele não pregava o dualismo e sim um sistema monístico. Mesmo afirmando a existência de dois "princípios" opostos e em luta ele afirmava que o Ser Espiritual Primordial estava acima dos dois espíritos oponentes, que o conflito entre Arimã e Ozmud existia numa época, num tempo que pertence ao nosso mundo, sendo de duração bastante reduzida quando se considera a escala da História Universal.
Zarathustra é um Avatar, um dos Grandes Iniciados entre os que tiveram e ainda têm a missão de trazer a verdade para a terra, de acrescentar conhecimentos novos e de estruturar aqueles que se deterioram pela ação da imperfeição humana e pela ação da mão nefasta do "terceiro interesse", ou seja, da força inferior.
Zarathustra conhecia bem os ensinos da Tradição, ele por certo fazia parte dela e sendo assim conhecia em essência a verdade. A sua doutrina falava da existência de um Ser Espiritual Primordial que estava acima dos dois espíritos oponentes. Isto corresponde exatamente ao que ensina a Cabala e outras doutrinas. Houve um "Fiat Lux" surgindo o universo a partir do Nada ( Imanifestável). Este primeiro ponto corresponde ao Ser Espiritual Primordial, que criou Ozmud, o "Senhor da Sabedoria" que vivia produzindo o bem de maneira constante. Mas o mesmo não acontecia com Arimã, que deixou de compartilhar da Sabedoria, tornando-se assim o espirito do mal que encabou sendo banido pelo Espirito do Bem, e passando a viver no Inverno de onde invade o mundo como o próprio principio do mal.
O Mazdeismo dizia que os dois princípios já teriam existido no Cosmo desde o princípio, sendo um positivo e o outro negativo e capaz de produzir as trevas, a sujeita morte. Admitia, porém que os dois princípios opostos existiam ativamente desde o começo, que sempre estiveram presentes mas que chegaria o momento em que Arimã seria vencido por Ozmud. Isato pode ser aceito desde que se tenha em mente que a criação teve começo, portanto algo existe desde o começo, mas por outro lado o Transcendente Inefável, é eterno e eternidade, obviamente, não tem começo. Diz o Mazdeismo que Ozmud e Arimã existiram desde o começo, portanto limitado a edade do universo, mas não ao da existência infinita.
Zarathustra Segundo essa concepção o universo sempre teria existido como não infinito ( por conter dois princípios independentes ) para se tornar infinito ( por passar a existir um só principio ). Zarathustra não pensava assim, ele dizia que no Ser Espiritual Primordial estava contido um potencial que em dado momento se manifestou como dois espíritos gêmeos criados
Vemos a concordância com os ensinamentos da Cabala em que surgiu o primeiro ponto da Tríade Superior de onde emanou (Teoria das Emanações ) um segundo ponto que, por sua vez, se polarizou, formando uma Trindade, citada pelo nome de "Tríade Superior". No Zoroastrismo a Tríade é constituída pelo "Ser Espiritual Primordial" + "Senhor da Sabedoria" ( Ozmud ) + " Espirito do Mal " (Arimã ).
A Doutrina do Fogo Sagrado, criada a partir dos ensinamentos de Apolônio, mas que na realidade apenas restaurou o que estabeleceu Zarathustra, cita a Trindade: Luz + Fogo + Água. A Cabala menciona Kether + Hokhmah + Binah. Na Religião egípcia antiga temos: Osiris - Isis + Seth; no Hinduismo temos Bramâ + Vishnu + Shiva; no Gnosticismo dos primeiros séculos do Cristianismo, O Pai +Khristos + Sophia. No Catolicismo: Pai + Filho + Espírito Santo.
No Upanichadas ( Bramanismo) está escrito: "O constante criador dos mundo é tríplice. É Brahma, o Pai. É Maiá, a Mãe. É Visnú, o Filho. Essência, Substância, Vida. Em cada um encerram-se os outros dois. Todos os três são um no Inefável ".
Como veremos com mais detalhes em palestra futuras, a maneira de apresentação difere mas as cosmogonias básicas falam sempre de uma Tríade em que o mal começou por um dos três elementos.
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Tópicos da Vida de Zarathustra
"Não ergas alto um edifício sem fortes
alicerces; se o fizeres viverás com medo."
Sabedoria Persa
Zarathustra Zarathrusta, impropriamente chamado de Zoroastro, foi um Avatar - Manifestação dieta de Deus na terra, nascido na Pérsia. Desde criança mostrava e sabedoria, manifestada em sua conversão e em sua maneira de ser. Sua vida foi salva muitas vezes dos inimigos que queriam martirizá-lo, para que ao chegar à maturidade ele não cumprisse sua missão divina.
Zarathrusta aos l5 anos de idade realizava valiosas obras religiosas e chegou a ser conhecido por Sua grande bondade para com os pobres e com os animais. Aos 20 anos deixou o lar e passou sete anos em solidão, em uma caverna numa montanha. Antes de regressar para o seio do seu povo e com a idade de 30 anos recebeu a Revelação Divina, que se iniciou por uma série de sete visões. Antes, porém vagou à procura da Verdade, totalizando assim dez anos.
" Um dia, quanto tinha a idade de trinta anos ele dirigiu-se para o rio Daiti onde ao cruzá-lo o Seu corpo submergiu na água - primeiro até os joelhos, depois até a cintura, e depois até o pescoço. Após atravessar para o outro lado ele executou o Yasna - ritual de Ijashne - quando então se apresentou a Ele uma Entidade brilhante e ardente que indagou o que ele queria. Zarathustra expressou o seu desejo que era entender a "Verdade". Então todas as perguntas que lhe atormentavam foram-lhe respondidas, pois o desejo dele era aprender sobre a Natureza e o Ser Supremo. A Entidade ardente - em chamas - era a Divindade da Mente Boa que disse para Zarathustra fechar os olhos e assim o transportou ao Tribunal de Ahura Mazda. Lá Ele viu o Deus Supremo, a Quem ele estava buscando com o coração e a alma. Viu Ahura Mazda ladeado por outras divindades poderosas, o Amesha Spentas. Zarathustra viu o Deus e o Seu luminar como uma incorporação da Pura Luz Celestial e Pureza Incorruptível Suprema".
O que o Profeta sabia intuitivamente desde o princípio por sua natureza divina fio endossado por aquela visão, ou seja, pelo próprio Ahura Mazda e pelas as Divindades Santas, e radicalmente diferente do pensamento das pessoas da época. Zarathustra viu que Ahura Mazda era o Deus Todo-bom e Todo-sábio que só desejava para as criações tudo bom e que não tinha um "rival" desde o início dos tempos conforme preconizava o Mazdeísmo de então. Entendeu, que o mal tinha origem nos próprios seres humanos.
"Zaratrusta pediu que lhe desse uma compreensão quando ao tipo de Ser que era Ahura Mazda. Este lhe revelou então que Ele era verdadeiro, aquele de Quem se originou a caridade, tudo o que podia fazer as pessoas felizes; aquele que deu origem ao fogo, a água e os animais, com consideração e reverencia, e que agia como protetor deles. Que a pessoa deveria ser um ser íntegro no mundo de homens, pois só assim ela poderia chegar ter felicidades e tornar-se imortal".
Então por "Ahura Mazda ordenou a Zaratrusta que estabelecesse na mente das pessoas o pensamento divino, e que buscasse no reino espiritual a felicidade mesmo nas próprias aflições".
Essa missão de Zarathrusta naquela época fazia-se necessário porque a humanidade estava totalmente mergulhada em dúvidas e superstições. Nesse sentido lembremos as palavras de Krishna: " Sempre que houver declínio da retidão e a injustiça triunfar, ó Barta ( Arjuna), então, Eu Me manifestarei para proteger o Bem, destruir o Mal, e restabelecer a Justiça. Eu Me manifesto de tempos em tempos".
Vejamos o panorama reinante na Pérsia quando da vinda de Zarathrusta. Aproximadamente 5.000 passados i.e. ao redor 3.000 a.C. um grupo das pessoas denominados hoje de Proto-Indo-iranianos vivia no sul das estepes russas, ao leste do rio Volga (Boyce). "Os Proto-Indo-Iranianos acreditavam em um conceito primitivo de ordem (Sanskrit). Eles sabiam que existia uma certa ordem no universo porque a noite seguiu dia, a lua crescia e minguava, e a cada ano as estações seguiram umas às outras. Eles acreditaram que esta lei era cuidada por divindades ou deuses chamados Asuras entre os quais Varuna e Mithra eram muito populares."
Mas a fé do povo entrou em acentuado declínio depois que os Proto-Indo-Iranianos dispersa-ram-se. Especialmente no ramo que migrou para a Pérsia desde que o ramo que migrou para a Índia encontrou apoio de suas idéias na própria cultura védica local. Na Pérsia os imigrantes passaram a adorar diversos deuses freqüentemente por medo. Por exemplo, quando eles viam um raio ou ouviam um trovão pensavam que os deuses estavam bravos com eles; por isto para qualquer fenômeno natural, tais como terremotos, vulcões, tempestades de neve, furacões, eles atribuíam a fúria dos deuses e para amainai-los começaram a fazer sacrifícios de animais e de alimentos que ofereciam às deidades para satisfazê-las.
Os iranianos eram principalmente nômades, não tiveram um lugar fixo para viver. Sendo criadores de gado viviam deslocando-se à procura de pasto fresco e água o que lhe condicionava uma forma de vida ao ar livre na natureza desenvolvendo então uma certa devoção por esta e a instituir um deus ou uma deusa para cada um dos elementos de natureza, i.e. eles acreditaram num deus que cuidava do céu (Asman), outro da Terra (Zam), outro da Lua (Mah) e um das águas ( Anahita ). Este panteão inteiro de deuses e deusas como recebia o nome de Ahuras. A palavra que Ahura vem da raiz Ah que significa "ser", assim Ahura pode ser entendido como: o Ser.
Os iranianos acreditavam que o Ahuras deles era muito poderoso e os sacerdotes, chamados de Karapans, tinham muitos rituais incluindo sacrifícios de animais. O Ahuras dos iranianos eram aos Asuras dos Pro-to-Indo-Iranianos e dos Mestres Vedas.
Centenas de anos depois os iranianos aprenderam o uso de bronze e domesticaram o cavalo construindo carruagens. Então alguns iranianos abandonaram a tarefa de cuidar do próprio gado de tornaram-se guerreiros que iriam de lugar para lugar tomando o gado alheio. Esta era a atitude de pessoas sem lei e devoção aos deuses da guerra, cujos sacerdotes eram chamados Kavis e muito astutos na prática da magia negra.
Zarathustra Foi em tal ambiente que Zarathustra nasceu a fim de corrigir as distorções. Como um menino jovem ele era interessado na natureza e quis saber como o mundo fora criado. A sua busca direcionada para criação e o criador o conduz a Deus com quem ele teve contacto depois de vários anos de meditação. Ele foi naquela época o primeiro a pensar e em introduzir um modo de estabelecer uma filosofia de vida completamente diferente da então existente. Ele ensinou que há só UM DEUS que era chamado Ahura Mazda. ( A primeira palavra Ahura já era usada pelo pre-Zoroastrianos para indicar o Deus).
Zarathrusta encontrou muitas dificuldades par converter as pessoas à Sua religião. Em 10 anos de pregação teve somente um crente - seu primo. Durante este período o chamado de Zaratrusta foi como uma voz no deserto. Ninguém o escutava. Ninguém o entendia. Não obstante continuava firme em Sua missão. Efetuava curas e milagres, ensinava sem parar suas novas leis espirituais e científicas para a guia e instrução do povo. Dois anos depois que seu primo se fez crente, Zaratrusta consegui influenciar o Rei, que se tornou um fervoroso seguidor de Sua fé. Isto foi o inicio da verdadeira difusão dos ensinamentos de Zarathrusta e de uma grande reforma. Logo em seguida a corte real seguiu os passo do Rei e mais tarde o Zoroastrianismo chegou a ser a religião oficial da nação persa e a maior então existente.
Mesmo que Zaratrusta pregasse o Monismo ainda assim a religião por ele ensinada se aprofundava muito em questionamentos metafísicos, como acontecia com os Vedas. Ele fundou uma civilização de caráter essencialmente agrícola impregnada da idéia prática da vida destinada a educar os homens em uma crença nobre e de moral sublime. Dizia:
"O que vale mais num trabalho é a dedicação do trabalhador".
"O que lavra a terra com dedicação tem mais mérito religioso do que poderia obter com mil orações sem nada fazer."
"O que semeia milho, semeia a religião."
"Não trabalhar é um pecado."
Zarathrusta viveu 77 anos quando foi assassinado enquanto orava diante do fogo sagrado do Templo.
Nota: Os trechos em caractere itálico são compilações de diversas fontes. Muitas vezes a falta do nome do autor se deve a não constar no original compilado por nós.
Zarathustra e os Gathas
"Vale mais uma hora de sábio
que a vida inteira de tolo"
Adágio popular
Ilustração de tapete da antiga Pérsia A fim de que se possa entender bem o pensamento de Zarathrusta[1] temos que considerar o universo em dois planos, o plano Transcendente e o Imanente - a criação.
O Mazdeísmo estabelece-se basicamente no dualismo, a existência de dois deuses Arimã e Ozmud. Zarathrusta veio mostrar que esse dualismo não existia na eternidade, na transcendência, que ele somente tem sentido na imanência, tal como preconizam outras doutrinas monísticas. A dualidade é uma condição filha da polaridade, segundo conceitos herméticos.
O dualismo atribuído ao zoroastrianismo é mal interpretado, pois mesmo que o Mazdeísmo popular fale de dois deuses eternos - Arimã e Ozmud - baseado em um dos Gathas, o Spenta Mainyu, que cita que o Santo Espírito criativo oposto a Angra Mainyu, o Espírito Hostil, na verdade não foi isto o que Zoroastro fez ver. Inúmeras vezes ele menciona a existência de Um Deus único - Ahura Mazda. Disse que a dualidade existe somente como manifestação do conflito que acontece no coração humano e não no universo material. É a luta constante entre mal o bem nos seres humanos, um dualismo apenas de natureza ética, portanto.
A duplicidade divina era voga quando Zaratrusta esteve em missão na terra e foi ele quem recolocou o conceito de divindade suprema em seu devido lugar, contudo com o transcorrer dos séculos ocorreu o ressurgimento do dualismo cósmico fazendo voltar a idéia de um Universo dividido em duas partes, uma regida pelo "Deus Bom" e a outra pelo "Mau Espírito", mesmo que, segundo os ensinos do Gathas e os trabalhos originais do Profeta, tendam a mostrar a existência somente do dualismo ético.
Zarathustra ensinou que Ahura Mazda regula o universo por Asha, a lei de precisão. O Asha ao nível físico representa as leis no universo aquilo que os cientistas tentam entender, como as leis de gravidade, de campos elétricos e magnéticos.
Por outro lado, no Asha ao nível psicológico está a força poderosa da verdade, enquanto no nível espiritual representa a fusão da ordem e verdade que conduze o ser pelo caminho de retidão. Verdade, ou retidão, é estar fazendo a coisa certa, no momento certo, no lugar certo, com os meios certos para alcançar o propósito certo (Dhalla). Retidão é a lei universal que representa ordem, evolução, progresso e projeção.
Antigo Templo no Irã (antiga Pérsia) Zarathustra ensinou que "Ahura Mazda deu para todo ser humano uma Vohu Manoh ( Mente Boa) para ajudá-lo a seguir no caminho da retidão. Isto é o que nos faz tão diferente de todas as outras espécies neste planeta. Nós fomos dotados de uma mente de forma que podemos pensar e distinguir, separar, diferenciar e escolher entre direito e injustiça, bem e mal ".
"Ahura Mazda está em acordo com Asha[2] e ele quer que nós promovamos este caminho de asha, ashoi e ashem. De acordo com esta lei ações boas produzem recompensas boas e mal geram conseqüências ruins". Um cientista que trabalha em um laboratório, um matemático que resolve uma fórmula, uma mãe que quer a sua família, um estudante que luta com a lição de casa, um músico compondo ou criando música bonita e uma pessoa que aconselha e que auxilia o necessitado se agem com verdade e integridade está plenamente implementando Asha em suas nas vidas".
O Zoroastrismo diz: "Se nós não vivermos em harmonia com natureza teremos conseqüências catastróficas, por isto é tão importante fazer deste mundo um lugar melhor, não só para esta geração, mas para a que vier". "Os seres humanos são os colegas de trabalho de Ahura Mazda, mas nós não somos escravos Dele. Nós não somos forçados a fazer algo, ou ser alguém, que não queiramos ser".
O Zoroastrismo não diz que as coisas boas em vida são prejudiciais à vida espiritual, ou que nós devemos denegrir o mundo material, como apregoavam os cátaros quando afirmavam que tudo o que for material é expressão do mal.
Zarathustra compôs o Ashem chamada de oração de Vohu. Esta oração contém 12 palavras e a primeira e a derradeira são as mesmas:
Ashem Vohu asti de Vahistem asti de Ushta
Usta ahamaai hyat ashaai vahistai ashem
A primeira linha diz que o caminho de retidão e verdade - asha ou Ashoi - é o melhor. É (Ushta) a felicidade brilhante porque só a verdade pode trazer felicidade perpétua para nós. A segunda linha fala não há nenhuma valor em bondade forçada. A pessoa tem que falar a verdade, ser honesta, ajudar outros porque, pois só tais virtudes podem trazer felicidade e satisfação neste mundo. Não se deve ser mentiroso, enganar e ferir os outros, ser mau, sórdido e ganancioso, tudo isto é prejudicial e isto não pode trazer felicidade. Nossa missão principal na vida é promover Asha para isso trazer felicidade a tudo e a todos. Promover Asha não só fará da terra um lugar muito melhor, não apenas para a geração presente, mas para as gerações do porvir.
Entre os preceitos dos zoroastrianos constam: "Todas as manhãs assim que nós dermos o nosso primeiro passo devemos pedir um Ashem Vohu e nos propormos a praticar ações boas agindo com retidão para tornar este mundo um lugar para nós mesmos e para todo o mundo ao redor de nós".
Verdade espiritual, verdade científica, verdade filosófica, são essenciais ao ser, pois são as várias manifestações de Asha, ou seja, a verdade de nível de Ahura Mazda.
A religião de Zarathustra não prevê um código específico de comportamento, mas um sistema de justiça, e de verdade, ou seja, o atendimento ao Asha. O mal não está no fato em si, mas nas conseqüências que o ato pode determinar.
"É dever da pessoa e extensivo à cada geração sucessiva usar a mente para fortalecer os horizontes do conhecimento, averiguar verdade, corrigir o contexto do mundo e implementar tudo isto nas suas vidas."[3]
O Zoroastrianismo baseia-se num conjunto de 5 canções poéticas chamado Gathas e que foi composto pelo próprio Zarathushtra e preservado pelos milênios pelos seus seguidores. Mesmo que muitos outros escritos hajam sido acrescidos ao Gathas através dos anos ainda assim ele constitui-se a base essencial da doutrina. Na verdade grande parte desse material perdeu-se em decorrência de destruições promovidas pelos gregos, muçulmanos, e especialmente pela invasão mongol. O Gathas foi escrito num idioma muito antigo conhecido como Avestan o qual é relacionado de perto com o Sânscrito. O texto hindu data do período de 1500-1000 a.C.
No Gathas, Zarathrusta afirma que existe só Um Deus que, embora transcendente Ele está em relação constante com os seres humanos através de uma série de atributos. Não especificou o número exato de Atributos, mas sete. Estes atributos são chamados o Amesha Spentas, ou "Imortais" e cada um deles encarna um atributo de Deus, como também uma virtude humana. São também símbolos para os vários setores de Criação:
Vohu Manah - Pensamento Bom - conectado com Animais
Asha Vahishta - Justiça e Verdade - Fogo e Energia
Kshathra - Domínio - Metais e minerais
Spenta Armaiti - Devoção e Serenidade - A terra e terra
Haurvatat - Inteireza - Águas
Ameretat - Imortalidade - Plantas
Spenta Mainyu - Energia Criativa - os seres humanos
A Época de Zarathustra
"A gente todos os dias arruma os
cabelos; por que não o Coração?"
Provérbio Chinês
Ilustração de Zarathustra em tecido. Sua provável origem é da antiga Pérsia A fim de que se possa compreender melhor a natureza da missão de Zarathrusta é importante que se tenha em mente idéia de como era a época em que ele viveu, os conceitos religiosos e o modo de vida do povo persa.
São poucas as informações comprováveis sobre a vida e o sistema social da época em que viveu Zaratrusta. Na verdade nem ao menos se sabe com certeza a data e o lugar exato do seu nascimento. Nesse sentido, a rigor, tudo o que existe são meras hipóteses contraditórias, sendo a mais aceita delas a que afirma haver ele nascido entre 1.400 e 1.100 a.C., em algum lugar no Irã Oriental.
As mais confiáveis informações existentes vêm do Avesta e da literatura de Pahlavi, como também de alguns documentos gregos e relatórios romanos. Sente-se que são poucos os registros que existem sobre a sociedade, a religião, a cultura e a política do período em que Zarathrusta viveu, por isto é que a literatura especializada moderna está repleta de especulações e suposições. Por causa da escassez de informações, e das opiniões especulativos contraditórias, é difícil separar os fatos da ficção. Os únicos registros confiaveis sobre a época de Zarathrusta são oriundos do Gathas - hinos compostos pelo próprio Zarathushtra -, mas mesmo assim o que se pode tirar deles é bem resumido desde que se trata de coletânea de hinos que totalizam apenas cerca de 6.000 palavras distribuídas em 17 capítulos. Como os Gathas dizem respeito especialmente ao aspecto doutrinário pouco se pode concluir a respeito da pessoa de Zaratrusta. É difícil através daqueles se ter idéia da pessoa, ou seja, do perfil do profeta e, menos ainda, uma idéia do ambiente social e meio cultural e religioso existente no seu tempo. Nunca o Gathas foi considerado uma crônica social, cultural, política, ou até mesmo narrativas dos eventos religiosos da época, pois na verdade são apenas hinos fervorosos de uma alma iluminada, com os quais busca mostrar às pessoas o modo de vida delas poderem destruir o mal que existe neste mundo.
É surpreendente como aqueles hinos foram mal interpretados por alguns para justificar suas próprias teorias. Como diz James Multon: "Ver o Gathas isolado do resto da história e da tradição é como levar uma folha de uma árvore de uma floresta e usá-la para fazer uma determinação definitiva de toda a vegetação rica e variada que existe na floresta inteira".
Parte das dificuldades históricas sobre Zaratrusta e sua época oriunda da carência de documentos confiáveis pode ser contornada comparando-se informações de fontes não iranianas da mesma época, ou seja, a cultura védica. São, portanto, fontes que procedem da cultura Indo-ariana que conviveu com a própria cultura védica da qual sofreu certas influências.
Os Indo-Iranianos migraram das estepes de Ásia Central para as planícies de Índia e convivendo com a religião Védica. Felizmente a literatura indo-ariana em grande parte foi preservada desde que esteve sujeita aos ciclos de destruição que literatura iraniana sofreu com a invasão árabe e outras.
Em torno de 3.000 a.C. os precursores dos Proto-Indo-Iranianos começaram a migrar para o sul das estepes da Ásia Central separando-se em dois grupos; um que migrou em direção sudoeste e se instalou no noroeste de Índia; e o outro, para o sudeste da e estabeleceu-se no planalto Iraniano (Boyce: 1987, pág. 513). Antes da separação os dois grupos de pessoas compartilhavam de uma cultura, idioma e religião comuns e somente depois da separação, em decorrência de várias circunstâncias em suas novas pátrias, foi que cada grupo desenvolveu idéias culturais e religiosas um tanto separadas, mas mesmo assim muitos aspectos comuns continuaram existindo. Também vale salientar que as migrações e separação dos povos não cessaram de repente, pois na verdade elas ocorreram em ondas, durante décadas e até mesmo séculos. Assim mesmo depois da separação das duas sociedades, os iranianos e os Indo-arianos, em muitas partes de Ásia Central, mantiveram idiomas e práticas religiosas bem aproximadas, mas sem dúvidas o ramo que migrou para a Índia sofreu certas influências dos Vedas e isto tem grande significação como veremos depois. O grupo que migrou em direção à Índia incorporou muitos conceitos da religião Veda, mas mesmo assim conservou a maior parte dos seus costumes.
Pelas razões expostas muitas informações sobre o tipo de sociedade da época de Zaratrusta pode ser esclarecido a partir da própria cultura védica . O tipo de organização social, e especialmente religiosa, tem certa significação no sentido de se determinar se Zaratrusta foi apenas um sacerdote, um Profeta de Deus, ou um Avatar - Manifestação Divina em forma humana. Para muitos estudiosos Zaratrusta foi apenas um sacerdote. Um dos grandes estudiosos de Zaratrusta, Moulton endossa essa hipótese mas sem que apresente evidências que justifiquem s afirmação de que Zaratrusta foi apenas um sacerdote e não um Avatar. Há muitas referências e artigos sobre esta questão [1]. Segundo alguns ele foi um sacerdote e segundo outros foi um profeta um Iniciador Divino. Segundo James Moulton, Zarathrusta não pertencia à classe sacerdotal. Sabe-se que o sacerdócio no Irã no tempo de Zaratrusta parece haver existido com classe social, e até mesmo tratar-se de uma profissão transferível por herança.
Sul do Tibet onde a 9000 anos atrás começaram os ensinamentos de Zarathustra O Zoroastrismo foi, em grande parte, destruído pelos árabes em época bem mais recente e isto fez com que grande volume de informações fossem perdidas, porém o mesmo não aconteceu com o ramo indiano tão intensamente.
A influência védica foi importante para a preservação do Zoroastrianismo especialmente porque fortaleceu o sentido monista, permitindo que a negatividade não fosse uma decorrência da existência de um ser eterno e sim uma manifestação dentro da criação. Houve preservação da idéia de um deus único, da base monista.
Consideramos a discussão existente em torno de se Zarathrusta foi um Sacerdote Persa ou um Avatar um tanto sem significação, pois como Avatar ele pode ser considerado também um Sacerdote. Acreditamos assim porque o termo Zoroastro diz respeito a um cargo hierárquico no sacerdócio persa de priscas eras, e há registros de que Zarathrustra foi o derradeiro a ocupar essa função.
NOTA:
Muitos usam indistintamente os termos Zoroastro e Zaratrusta, mas há uma diferença básica. O termo Zoroastro indicava na Pérsia algo como uma dinastia - tal como o termo Faraó no Egito. Assim sendo na Pérsia houve diversos Zoroastro, sendo Zaratrusta o derrradeiro deles.
A doutrina de Zarathustra foi considerada pelos primeiros cristãos ortodoxos como sendo uma religião essencialmente dualista, contudo isto resulta de uma visão incompleta do zoroastrismo em que não foram consideradas as diversas fases e transformações por que ela passou através dos séculos.
Zarathustra, impropriamente chamado de Zoroastro, foi um Avatar - Manifestação direta de Deus na terra - nascido na Pérsia e restruturador do Mazdeísmo. Sua vida foi salva muitas vezes dos inimigos que queriam martirizá-lo, para que não cumprisse sua missão divina ao chegar à maturidade.
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Última atualização: 01 de Fevereiro de 2003
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Zarathustra e sua Doutrina
"Não declares que as estrelas estão
mortas só porque o céu está nublado..."
Provérbio Árabe
Símbolo do Zoroastrismo
Zarathustra, impropriamente chamado de Zoroastro, foi um Avatar - Manifestação direta de Deus na terra - nascido na Pérsia e restruturador do Mazdeísmo. Desde criança mostrava extraordinária sabedoria, manifestada em Sua maneira de ser. Sua vida foi salva muitas vezes dos inimigos que queriam martirizá-lo, para que não cumprisse sua missão divina ao chegar à maturidade.
Aos 15 anos de idade realizava valiosas obras religiosas chegando a ser conhecido por sua grande bondade para com os pobres e animais.
Aos 20 anos deixou o lar e passou sete anos em solidão, em uma caverna numa montanha. Antes de regressar para o seio do seu povo, e com a idade de 30 anos recebeu a Revelação Divina, que se iniciou por uma série de sete visões. Antes, porém ele vagou à procura da Verdade, totalizando assim dez anos de solidão.
[1]"Um dia, quanto tinha a idade de trinta anos ele dirigiu-se para o rio Daiti onde ao cruzá-lo o Seu corpo submergiu na água - primeiro até os joelhos, depois até a cintura, e depois até o pescoço. Após atravessar para o outro lado ele executou o Yasna - ritual de Ijashne - quando então se apresentou a Ele uma Entidade brilhante e ardente que indagou o que ele queria. Zarathustra expressou o seu desejo que era entender a "Verdade". Então todas as perguntas que lhe atormentavam foram-lhe respondidas, pois o desejo dele era aprender sobre a Natureza e o Ser Supremo. A Entidade ardente[2] - em chamas - era a Divindade da Mente Boa que disse para Zarathustra fechar os olhos e assim o transportou ao Tribunal de Ahura Mazda. Lá Ele viu o Deus Supremo, a Quem ele estava buscando com o coração e a alma. Viu Ahura Mazda ladeado por outras divindades poderosas, o Amesha Spentas. Zarathustra viu o Deus e o Seu luminar como uma incorporação da Pura Luz Celestial e Pureza Incorruptível Suprema".
O que o Profeta sabia intuitivamente desde o princípio por sua natureza divina fio endossado por aquela visão, ou seja, pelo próprio Ahura Mazda e pelas as Divindades Santas, e radicalmente diferente do pensamento das pessoas da época. Zarathustra viu que Ahura Mazda era o Deus Todo-bom e Todo-sábio que só desejava para as criações tudo bom e que não tinha um "rival" desde o iní-cio dos tempos conforme preconizava o Mazdeísmo de então. Entendeu, que o mal tinha origem nos próprios seres humanos.
"Zarathustra pediu compreensão quanto ao tipo de Ser que era Ahura Mazda. Este lhe revelou então que Ele era verdadeiro, aquele de Quem se originou a caridade, tudo o que podia fazer as pessoas felizes; aquele que deu origem ao fogo, a água e os animais, com consideração e reverência, e que agia como protetor deles. Que a pessoa deveria ser um ser íntegro no mundo de homens, pois só assim ela poderia chegar ter felicidades e tornar-se imortal".
Então "Ahura Mazda ordenou a Zarathustra que estabelecesse na mente das pessoas o pensamento divino, e que buscasse no reino espiritual a felicidade mesmo nas próprias aflições"[3].
Essa missão naquela época fazia-se necessário porque a humanidade estava totalmente mergulhada em dúvidas e superstições. Nesse sentido lembremos as palavras de Krishna: Sempre que houver declínio da retidão e a injustiça triunfar, ó Barta (Arjuna), então, Eu Me manifestarei para proteger o Bem, destruir o Mal, e restabelecer a Justiça. Eu Me manifesto de tempos em tempos.
Vejamos o panorama reinante na Pérsia quando da vinda de Zarathustra. Aproximadamente 5.000 passados i.e. ao redor 3.000 a.C. um grupo das pessoas denominados hoje de Proto Indo-iranianos vivia no sul das estepes russas, ao leste do rio Volga (Boyce). "Os Proto Indo-iranianos acreditavam em um conceito primitivo de ordem (Sanskrit). Eles sabiam que existia uma certa ordem no universo porque a noite seguiu dia, a lua crescia e minguava, e a cada ano as estações seguiram umas às outras. Eles acreditaram que esta lei era cuidada por divindades ou deuses chamados Asuras entre os quais Varuna e Mithra eram muito populares". Mas a fé do povo entrara em acentuado declínio depois que os Proto Indo-iranianos dispersaram-se. Especialmente no ramo que migrou para a Pérsia desde que o ramo que migrou para a Índia encontrou apoio de suas idéias na própria cultura védica.
Enquanto na Índia os imigrantes conservaram idéias mais exatas da natureza do Universo e de Ahura Mazda os do ramo persa passaram a adorar deuses, mais movidos pelo medo que pela fé. Por exemplo, quando viam um raio ou ouviam um trovão pensavam que os deuses estavam bravos com eles. Por isto para qualquer fenômeno natural, tais como terremotos, vulcões, tempestades de neve, furacões, eles atribuíam a fúria dos deuses e começaram a fazer sacrifícios de animais e de alimentos que ofereciam às deidades para satisfazê-las.
Os iranianos eram principalmente nômades, não tinham um lugar fixo para viverem. Sendo criadores de gado viviam deslocando-se à procura de pasto e de água fresca o que lhe condicionava uma forma de vida ao ar livre na natureza desenvolvendo então uma certa devoção por esta e a instituir um deus ou uma deusa para cada um dos elementos de natureza, i.e. eles acreditaram num deus que cuidava do céu (Asman); num outro, da Terra (Zam); outro, da Lua (Mah); outro, das águas ( Anahita ) e assim por diante. Este panteão inteiro de deuses e deusas recebia o nome de Ahuras. A palavra que Ahura vem da raiz "Ah" que significa "ser", assim Ahura pode ser entendido como o Ser.
Os iranianos acreditavam que o Ahuras deles era muito poderoso e os sacerdotes, chamados de Karapans, tinham muitos rituais incluindo sacrifícios de animais para homenagear as entidades que compunham o seu Ahuras.
Zarathustra Centenas de anos depois os iranianos aprenderam a usar o bronze e domesticaram o cavalo construindo carruagens. Então alguns iranianos abandonaram a tarefa de cuidar do próprio gado e tornaram-se guerreiros que iriam de lugar para lugar tomando o gado alheio. Esta era a atitude de pessoas sem lei e com devoção direcionada aos deuses da guerra, cujos sacerdotes eram chamados Kavis que eram muito astutos na prática da magia negra.
Foi em tal ambiente que Zarathustra nasceu com a missão de corrigir todas aquelas distorções. Desde menino interessava-se pela natureza e queria saber como o mundo fora criado. A sua principal busca era direcionada para criação e o criador, e esse anseio o conduziram a Deus com Quem teve contacto depois de vários anos de meditação. Na verdade Ele era uma manifestação direta de Deus na terra - Avatar.
Zarathustra foi naquela época o primeiro a pensar e em introduzir um modo de pensar e uma filosofia de vida completamente diferente da então existente, ensinando que só havia UM Deus que era chamado Ahura Mazda. (A primeira palavra Ahura já era usada pelo pre-Zoroastrianos para indicar o Deus).
Como já dissemos em palestra anterior a Escritura básica do Zoroastrismo consta de um conjunto de composições poéticas conhecidas pelo nome Gathas, composto pelo próprio Zarathustra e preservado durante milênios pelos zoroastrianos. No transcorrer dos anos acumularam-se muitos outros escritos em torno do Gathas, contudo muito deles foram destruídas pelos gregos e muçulmanos, especialmente durante a invasão mongol.
Zarathrusta foi martirizado aos 77 anos de idade por enquanto se encontrava orando em frente ao fogo sagrado no Templo.
O Gathas foi escrito num idioma muito antigo conhecido como Avesta relacionado de perto com o Sânscrito. Nele Zarathustra afirma que existe só Um Deus - Ahura Mazda - transcendente, mas em relação constante com os seres através de certos atributos. Estes atributos são o modo como Deus chega ao mundo. Embora não haja especificado o número exato de Atributos mesmo assim menciona especificamente sete deles eu em conjunto são chamados o Amesha Spentas. Cada um destes encarna um atributo de Deus, como também uma virtude humana. Eles também são símbolos para os vários setores de Criação:
Vohu Maca - Pensamento Bom - conectado com Animais
Asha Vahishta - Justiça e Verdade - Fogo e Energia
Kshathra - Domínio - Metais e minerais
Spenta Armaiti - Devoção e Serenidade - A terra
Haurvatat - Inteireza - Águas
Ameretat - Imortalidade - Plantas
Spenta Mainyu - Energia Criativa - os seres humanos.
Zarathrusta não fala de um lugar para o qual a alma é conduzida depois do desencarne, mas mesmo assim os escritos baseados em Pahlavi falam a respeito. Depois que morte a alma desincorporada paira sobre o cadáver ou ao seu redor durante três dias, então ela segue pela ponte de Cinvat para conhecer o seu julgamento pelos três juizes das almas: Mithra, Sraosha, e Rashnu. A alma das pessoas justas seguramente mantém-se em cima da ponte e permanece feliz pela eternidade, no céu (vahishta de Auhu, Nmana de Garo), o domicílio de Ahura e dos anjos seus santificados. A alma má cai fatalmente da ponte e é precipitada no inferno (Auhu de Duzh). Embora não haja indícios de que isto foi dito por Zarathustra, mesmo assim consta dos escritos referente à visão de Pahlavi sobre uma visita ao Inferno, e onde consta uma descrição realística de seus tormentos, tais como descritos em " O Inferno de Dante". Também se cita que consta do Pahlavi a existência do " Estado Intermediário Médio", embora isto não apareça no próprio Avesta.
Possivelmente trata-se de um desdobramento da teologia. Porém aquele estado não é concebido exatamente como o purgatório católico, mas como um estado indiferente destinado àqueles em que são encontradas ações boas e más, havendo assim um equilíbrio entre as duas condições.
O ensino moral é fundamental e enfatizada a necessidade do exercício da bondade em pensamento, palavra, e atos (humana, hakhta, hvarshta) ao invés de pensamento, palavra, e ação más (dushmata, duzhukhta, duzhvarshta).
Note o reconhecimento enfático de pecado em pensamento como preceitua a Igreja Católica. Verdade, pureza e generosidade para com os pobres são enumerados como virtudes em contraposição mentira, perjúrio, pecados sexuais, violência, e tirania são especialmente reprovada.
A reforma de Zarathustra não foi somente religiosa, mas também social, agrícola. O cultivo da terra era elevado ao grau de deveres religiosos e considerado, portanto, algo espiritualmente meritório.
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Autor: José Laércio do Egito - F.R.C.
email: thot@hotlink.com.br
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Notas:
[1] - O parágrafos entre parêntesis são traduções da obra: A SAGA DE ZARATUSTRA conforme publicado via Internet
[2] - O símbolo do Zoroastrismo é uma chama.
[3] - (A Vida de Zarathustra Santo; Framroze Rustomjee; página-33)". - Excerto de um artigo por Adil F. Rangoonwala,
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Última atualização: 01 de Fevereiro de 2003
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A Doutrina de Zarathustra
"Nenhuma árvore saudável, bem-desenvolvida,
pode rejeitar suas raízes escuras no interior da
terra porque se o fizer perecerá ".
Jung
Sul do Tibet, local onde surgiu o Mazdeísmo a 9000 anos atrás
A doutrina de Zarathustra foi considerada pelos primeiros cristãos ortodoxos como sendo uma religião essencialmente dualista, contudo isto resulta de uma visão incompleta do zoroastrismo em que não foram consideradas as diversas fases e transformações por que ela passou através dos séculos. Como tem acontecido com todas as religiões, com o tempo ela passam por profundas transformações a ponto tal que, muitas vezes, alguns séculos depois elas apresentam-se totalmente diferentes da origem. Isto foi o que aconteceu até mesmo com o Cristianismo, pois que hoje, nenhum cristão dos primeiros tempos reconheceria o catolicismo como a religião básica deixada por Jesus. Com o tempo, modificações vão sendo introduzidas e assim sendo ocorre uma quase total descaracterização da religião inicial.
Também não é somente por conta das traduções sucessivas que as religiões se transfiguram; há também a interferência de um poder intencional atuando insidiosamente em toda religião que traz em seu bojo um fundamento de verdades. Isto aconteceu com os ensinamentos de todos os mensageiros de Deus na terra; as doutrinas por eles deixadas foram sendo modificadas, direcionadas num sentido inverso e assim sendo quando inicialmente monistas acabaram sendo transformadas em dualistas tornaram-se dualistas ou mesmo politeístas.
Nesta palestra veremos que a doutrina pregada por Zarathustra não tem nada a ver com o dualismo que se tornou presente no Zoroastrismo de séculos depois. Os cristãos tomaram por base o zoroastrismo deformado, dualista, trabalhado pela força negativa e não os ensinos primitivos de Zarathustra.
Zarathustra considerava-se um profeta, portador de uma nova mensagem de um Deus único que se revelou a ele como sendo o verdadeiro Deus chamado Ahura Mazda, o "Grande Senhor".
A mensagem original do "Grande Senhor" foi preservada até hoje pela "Tradição" e também pode ser vista na parte mais antiga do Avesta, os Gathas ou "Cantos" deixados pelo próprio Zarathustra. Nos Gathas "Zarathustra fala do "Grande Senhor":
"Deus é UM; sagrado; bom; o criador de todas as coisas, tanto materiais como espirituais, através de seu Espírito Santo; a vida e o que dá a vida. Ele é bom porque é produtivo e faz com que tudo se desenvolva. Sua "Unicidade", entretanto, é uma unidade na diversidade, uma vez que ele se manifesta sob vários aspectos; o Espírito Santo, através de quem Deus cria; o bom pensamento, através do qual inspira o profeta e santifica o homem; a verdade, a retidão, ou ordem cósmica (asha), pela qual mostra aos homens como se ajustarem ao cosmos pela honradez; a soberania através, através da qual regula a criação. Totalidade que é a plenitude de seu ser, a moralidade, pela qual derrota a morte...".
O Zoroastrismo a Divindade Suprema Zhura Mazdah não tinha opostos, mas ele mesmo se revelava sob diferentes aspectos opostos.
Aqui vamos comparar com outras doutrinas que dizem que o Poder Superior não tem opostos, mas que Dele manifesta-se a criação como o primeiro ponto da Tríade ( Kether ) e este gera dois opostos ( Hokhmah e Binah ) .
Assim, na doutrina ensinada por Zarathustra são mencionados dois grupos o "Espírito Santo" caracterizado por Ormuzd e o Espírito Destrutivo caracterizado por Ahriman. Estes são aspectos do "Grande Senhor" e que mais tarde viriam a ser chamados de os "Generosos Imortais" que, nos períodos posteriores do Zoroastrismo seriam associados a vários elementos materiais, surgindo como criaturas de Deus, e, portanto, semelhantes s aos arcanjos de outras tradições.
Diante do que expusemos não é justo o Zoroastrismo do próprio profeta ser considerado dualista desde que ele fala de Ahura Mazdah como único em seu nível, isto é, no plano mais alto da existência, só há um Deus. Mas, somente num plano imediatamente abaixo é que Ahura Mazda mesmo sendo UNO (monismo ) manifesta-se dentro da criação inicialmente sob duas formas opostas ( dualismo) e abaixo desse nível revela-se sob diferentes aspectos. Sendo assim não é absurdo descrever o Zoroastrismo como um politeísmo modificado. Mas, isso é o mesmo que acontece com muitas outras religiões, que dizem haver um só Deus, mas que se manifesta como Trindade.
O Catolicismo, em termos diferentes, fala de "três deuses" formando uma Trindade. É verdade que esta religião não os classifica como sendo deuses diferentes, mas sim três pessoas formando um só Deus. Mas, mesmo assim, são três condições distintas. Se essa situação for examinada seriamente, conclui-se que a rigor o Catolicismo, e quase a totalidade das religiões evangélicas, na verdade são religiões politeístas.
Zarathustra Para o Catolicismo e outras religiões cristãs o nível Divino mais elevado tem inicio com um Deus Trino, com uma Trindade e assim sendo, a rigor, não se pode admiti-las como essencialmente monoteísta. O que causa estranheza é que esses sistemas religiosos consideram-se monoteístas acusando outras de politeístas quando na realidade isto não é verdade. Podemos dizer que certas religiões de algumas civilizações antigas eram, e ainda são, a rigor bem mais monoteístas (monistas) que as grandes religiões da atualidade. Entres as religiões essencialmente monistas podemos citar, entre outras, as seguintes: No passado, o Zoroastrismo ( Ahura Mazdah ) e o Mazdeísmo( Mazdha ) primitivos, o Mithraísmo babilônico, a religião do antigo Egito e, entres as que persistiram até a atualidade, o Hinduismo, o Bramanismo ( Brahma ou Brahmân ), o próprio cristianismo ensinado por Jesus. Jesus que nunca se colocou no lugar de Deus Único ( O Pai que está no Céu ). Jesus quando se referia a Deus DIZIA "O PAI QUE ESTÁ NO CÉU". Existem religiões mais atuais que também falam de UM principio único, o PODER SUPERIOR.
Todas as citadas religiões falam da existência de um único Deus, que transcende ao universo criado e que somente se manifesta trino dentro da criação. Esses sistemas religiosos não falam que existem deuses e sim que apenas existe UM que se manifesta na criação sob tríplice aspectos formando primeiramente como Trindade. A Trindade não é o Princípio segundo as mencionadas doutrinas, porém sim para o catolicismo e para muitas outras Igrejas Evangélicas. Para as religiões verdadeiramente monistas o principio único transcende à própria criação, que a Trindade teve inicio. Aliás, isto está conforme a própria ciência que fala do Big-Bang. Num determinado momento a partir do "Nada" ( existência imanifesta = vazio quântico ) teve origem o Universo. O Judaísmo e as principais religiões cristãs falam que Deus único sempre existiu e que creou o mundo, mas que Ele está no mundo, diz que coisa alguma existe fora do mundo. Isto contraria as religiões monoteístas rigorosas e até mesmo a própria física que diz que fora do mundo existe algo, existe o "vazio quântico, "que não é o nada absoluto pois ali existe algo inconcebível que em que existe "informação".
A Astronomia fala dos "buracos negros", aqueles pontos no universo fora onde a matéria é atraída e como tal aniquilada. Fala também de buracos brancos pontos onde a energia é ejetada para dentro do universo a fim de recompor a matéria, portanto existindo algo fora dele, exatamente para onde aquilo que penetra nos "buracos negros" vai e de onde vem aquilo que emerge dos buracos brancos, ou como também são denominados - "quasars".
Nos Gathas Zarathustra fala do Principio transcendente ao universo e do dualismo presente. Coloca o monismo fora do Universo e o dualismo dentro dele. Esse dualismo se manifesta sob múltiplos aspectos sendo o dualismo básico aquele constituído pela verdade e pela mentira - ( asha e druj ), que também significam a ordem cósmica estabelecida e os elementos que tentam destruí-la. Esse dualismo permanece durante todas as fases o Os Zoroastrismo. A mentira igualmente significa a subversão da ordem política estabelecida
Entre os textos zoroastrianos, apenas os Gathas parecem ser obra do próprio Zarathustra, enquanto o resto do Avesta ( ou melhor, os fragmentos que dele restaram) é posterior e totalmente divergentes do ensinamentos originais do profeta. Segundo a Tradição, o Avesta "original" consistia de 21 'nasks' ou livros, cujo resumo está no Denkart, trabalho, como os demais escrito em pahlavi ( dialeto pesa próprio do zoroastrísmo) e que é posterior à conquista maometana, embora contra material mais antigos.
Desses 21 "nassas", apenas um foi conservado integralmente - O "Videvat" ou "Lei Conta os Demônios", que trata principalmente de purificação de pecados, rituais de purificação mitologia.
Com o colapso do Império "Aquemênida", o Zoroastrismo desapareceu como religião organizada, até que voltou a ser religião de estado do Segundo Império - Sassânida. Entretanto, quando este Império foi destruído, o Zoroastrismo igualmente foi derrotado pelas forças da nova religião, o Islamismo.
A religião zoroastriana, a partir do momento em que deixou de ser a oficial, rápida e irreversivelmente entrou em decadência. EEm todas as fases, o Zoroastrismo manteve uma característica básica: Religião de livre-arbítrio na qual o homem é julgado de acordo com a natureza dos seus pensamentos, palavras e atos, no que pensou, disse e fez durante sua vida. A recompensa para os bons é a paraíso, a "melhor Existência"; e para os maus, o inferno, uma "Existência Infernal".
Outro ponto que mostra se tratar de uma religião bem elevada é quando diz que o céu e o inferno são mais estados interiores do que lugares físicos. São o local da melhor existência e da pior existência, ou sejam, a morada do bom espírito e a morada do mau espírito. Também denominava de a "morada da canção" e a morada da mentira. Em uma há facilidades e benefícios, e na outra desconforto e tormentos, escuridão, e gritos de dor.
Como se vê o Zoroastrismo tinha uma idéia bem metafísica da natureza do inferno e do céu, pois lhes dava mais uma conotação de estados interiores, de níveis de consciência que propriamente de um lugar físico. Na atualidade são poucas as religiões que têm esse conceito metafísico da natureza do mal e do bem.
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Autor: José Laércio do Egito - F.R.C.
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Tópicos da Vida de Zarathustra
"Não ergas alto um edifício sem fortes
alicerces; se o fizeres viverás com medo."
Sabedoria Persa
Zarathustra Zarathrusta, impropriamente chamado de Zoroastro, foi um Avatar - Manifestação dieta de Deus na terra, nascido na Pérsia. Desde criança mostrava e sabedoria, manifestada em sua conversão e em sua maneira de ser. Sua vida foi salva muitas vezes dos inimigos que queriam martirizá-lo, para que ao chegar à maturidade ele não cumprisse sua missão divina.
Zarathrusta aos l5 anos de idade realizava valiosas obras religiosas e chegou a ser conhecido por Sua grande bondade para com os pobres e com os animais. Aos 20 anos deixou o lar e passou sete anos em solidão, em uma caverna numa montanha. Antes de regressar para o seio do seu povo e com a idade de 30 anos recebeu a Revelação Divina, que se iniciou por uma série de sete visões. Antes, porém vagou à procura da Verdade, totalizando assim dez anos.
" Um dia, quanto tinha a idade de trinta anos ele dirigiu-se para o rio Daiti onde ao cruzá-lo o Seu corpo submergiu na água - primeiro até os joelhos, depois até a cintura, e depois até o pescoço. Após atravessar para o outro lado ele executou o Yasna - ritual de Ijashne - quando então se apresentou a Ele uma Entidade brilhante e ardente que indagou o que ele queria. Zarathustra expressou o seu desejo que era entender a "Verdade". Então todas as perguntas que lhe atormentavam foram-lhe respondidas, pois o desejo dele era aprender sobre a Natureza e o Ser Supremo. A Entidade ardente - em chamas - era a Divindade da Mente Boa que disse para Zarathustra fechar os olhos e assim o transportou ao Tribunal de Ahura Mazda. Lá Ele viu o Deus Supremo, a Quem ele estava buscando com o coração e a alma. Viu Ahura Mazda ladeado por outras divindades poderosas, o Amesha Spentas. Zarathustra viu o Deus e o Seu luminar como uma incorporação da Pura Luz Celestial e Pureza Incorruptível Suprema".
O que o Profeta sabia intuitivamente desde o princípio por sua natureza divina fio endossado por aquela visão, ou seja, pelo próprio Ahura Mazda e pelas as Divindades Santas, e radicalmente diferente do pensamento das pessoas da época. Zarathustra viu que Ahura Mazda era o Deus Todo-bom e Todo-sábio que só desejava para as criações tudo bom e que não tinha um "rival" desde o início dos tempos conforme preconizava o Mazdeísmo de então. Entendeu, que o mal tinha origem nos próprios seres humanos.
"Zaratrusta pediu que lhe desse uma compreensão quando ao tipo de Ser que era Ahura Mazda. Este lhe revelou então que Ele era verdadeiro, aquele de Quem se originou a caridade, tudo o que podia fazer as pessoas felizes; aquele que deu origem ao fogo, a água e os animais, com consideração e reverencia, e que agia como protetor deles. Que a pessoa deveria ser um ser íntegro no mundo de homens, pois só assim ela poderia chegar ter felicidades e tornar-se imortal".
Então por "Ahura Mazda ordenou a Zaratrusta que estabelecesse na mente das pessoas o pensamento divino, e que buscasse no reino espiritual a felicidade mesmo nas próprias aflições".
Essa missão de Zarathrusta naquela época fazia-se necessário porque a humanidade estava totalmente mergulhada em dúvidas e superstições. Nesse sentido lembremos as palavras de Krishna: " Sempre que houver declínio da retidão e a injustiça triunfar, ó Barta ( Arjuna), então, Eu Me manifestarei para proteger o Bem, destruir o Mal, e restabelecer a Justiça. Eu Me manifesto de tempos em tempos".
Vejamos o panorama reinante na Pérsia quando da vinda de Zarathrusta. Aproximadamente 5.000 passados i.e. ao redor 3.000 a.C. um grupo das pessoas denominados hoje de Proto-Indo-iranianos vivia no sul das estepes russas, ao leste do rio Volga (Boyce). "Os Proto-Indo-Iranianos acreditavam em um conceito primitivo de ordem (Sanskrit). Eles sabiam que existia uma certa ordem no universo porque a noite seguiu dia, a lua crescia e minguava, e a cada ano as estações seguiram umas às outras. Eles acreditaram que esta lei era cuidada por divindades ou deuses chamados Asuras entre os quais Varuna e Mithra eram muito populares."
Mas a fé do povo entrou em acentuado declínio depois que os Proto-Indo-Iranianos dispersa-ram-se. Especialmente no ramo que migrou para a Pérsia desde que o ramo que migrou para a Índia encontrou apoio de suas idéias na própria cultura védica local. Na Pérsia os imigrantes passaram a adorar diversos deuses freqüentemente por medo. Por exemplo, quando eles viam um raio ou ouviam um trovão pensavam que os deuses estavam bravos com eles; por isto para qualquer fenômeno natural, tais como terremotos, vulcões, tempestades de neve, furacões, eles atribuíam a fúria dos deuses e para amainai-los começaram a fazer sacrifícios de animais e de alimentos que ofereciam às deidades para satisfazê-las.
Os iranianos eram principalmente nômades, não tiveram um lugar fixo para viver. Sendo criadores de gado viviam deslocando-se à procura de pasto fresco e água o que lhe condicionava uma forma de vida ao ar livre na natureza desenvolvendo então uma certa devoção por esta e a instituir um deus ou uma deusa para cada um dos elementos de natureza, i.e. eles acreditaram num deus que cuidava do céu (Asman), outro da Terra (Zam), outro da Lua (Mah) e um das águas ( Anahita ). Este panteão inteiro de deuses e deusas como recebia o nome de Ahuras. A palavra que Ahura vem da raiz Ah que significa "ser", assim Ahura pode ser entendido como: o Ser.
Os iranianos acreditavam que o Ahuras deles era muito poderoso e os sacerdotes, chamados de Karapans, tinham muitos rituais incluindo sacrifícios de animais. O Ahuras dos iranianos eram aos Asuras dos Pro-to-Indo-Iranianos e dos Mestres Vedas.
Centenas de anos depois os iranianos aprenderam o uso de bronze e domesticaram o cavalo construindo carruagens. Então alguns iranianos abandonaram a tarefa de cuidar do próprio gado de tornaram-se guerreiros que iriam de lugar para lugar tomando o gado alheio. Esta era a atitude de pessoas sem lei e devoção aos deuses da guerra, cujos sacerdotes eram chamados Kavis e muito astutos na prática da magia negra.
Zarathustra Foi em tal ambiente que Zarathustra nasceu a fim de corrigir as distorções. Como um menino jovem ele era interessado na natureza e quis saber como o mundo fora criado. A sua busca direcionada para criação e o criador o conduz a Deus com quem ele teve contacto depois de vários anos de meditação. Ele foi naquela época o primeiro a pensar e em introduzir um modo de estabelecer uma filosofia de vida completamente diferente da então existente. Ele ensinou que há só UM DEUS que era chamado Ahura Mazda. ( A primeira palavra Ahura já era usada pelo pre-Zoroastrianos para indicar o Deus).
Zarathrusta encontrou muitas dificuldades par converter as pessoas à Sua religião. Em 10 anos de pregação teve somente um crente - seu primo. Durante este período o chamado de Zaratrusta foi como uma voz no deserto. Ninguém o escutava. Ninguém o entendia. Não obstante continuava firme em Sua missão. Efetuava curas e milagres, ensinava sem parar suas novas leis espirituais e científicas para a guia e instrução do povo. Dois anos depois que seu primo se fez crente, Zaratrusta consegui influenciar o Rei, que se tornou um fervoroso seguidor de Sua fé. Isto foi o inicio da verdadeira difusão dos ensinamentos de Zarathrusta e de uma grande reforma. Logo em seguida a corte real seguiu os passo do Rei e mais tarde o Zoroastrianismo chegou a ser a religião oficial da nação persa e a maior então existente.
Mesmo que Zaratrusta pregasse o Monismo ainda assim a religião por ele ensinada se aprofundava muito em questionamentos metafísicos, como acontecia com os Vedas. Ele fundou uma civilização de caráter essencialmente agrícola impregnada da idéia prática da vida destinada a educar os homens em uma crença nobre e de moral sublime. Dizia:
"O que vale mais num trabalho é a dedicação do trabalhador".
"O que lavra a terra com dedicação tem mais mérito religioso do que poderia obter com mil orações sem nada fazer."
"O que semeia milho, semeia a religião."
"Não trabalhar é um pecado."
Zarathrusta viveu 77 anos quando foi assassinado enquanto orava diante do fogo sagrado do Templo.
Nota: Os trechos em caractere itálico são compilações de diversas fontes. Muitas vezes a falta do nome do autor se deve a não constar no original compilado por nós.
Autor: José Laércio do Egito - F.R.C.
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